Jovem descobre nova espécie de bromélia durante passeio em cachoeira de Minas

Bromélia-peluda é uma espécie nunca catalogada antes e foi objeto de estudo

10 nov 2023 - 05h00
Jovem encontrou bromélia-peluda em uma cachoeira em Minas
Jovem encontrou bromélia-peluda em uma cachoeira em Minas
Foto: Arquivo pessoal

O agricultor e guia turístico Júlio César de Santos Ribeiro, de 22 anos, sempre se interessou pela natureza. Seu espírito explorador fez com que ele descobrisse uma nova espécie de bromélia em uma cachoeira em Alvarenga, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Ela possui 'folhas peludas', incomum na família dessa planta. O jovem ajudou no estudo e possibilitou a catalogação.

Ao Terra, ele conta que o encontro se deu em um passeio para a casa dos avós da namorada. Quando chegou, foram até uma cachoeira localizada no Sítio dos Martins, onde ele poderia avistar uma espécie de planta que nunca tinha visto, ou melhor, nunca tinha sido descoberta. 

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"Chegando na cachoeira, eu fui dar uma explorada. Lá, eu encontrei a Bromélia, que de início achei que poderia ser um capim, lembrava muito folha de capim. Eu coletei esse material, estava descendo e, do lado da cachoeira, logo de frente, eu avistei uma florzinha, um pontinho rosa no meio do paredão. Tirei com um galho seco, fiz fotos e encaminhei para os pesquisadores", relata.

Ao mandar as fotos para Eduardo Fernandez e Paulo Gonela, os pesquisadores não achavam que pudesse ser bromeliácea, devido à folhagem cheia de pelos. Mas durante a pesquisa, viram que se tratava de uma Krenakanthus ribeiranus, ou bromélia-peluda

O biólogo e botânico Gonela explica que mandou as fotos para Dayvid Couto, pesquisador do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) e especialista em bromélias, e que até ele chegou a achar que era de uma outra família de plantas. "Porque ela é tão diferente, que no primeiro olhar a gente não conseguiu reconhecer aquilo como uma bromélia, e o Júlio que insistia que era uma bromelinha", afirma. 

Bromélia-peluda leva esse nome por suas folhas conterem pelos, que ajudar a proteger a planta
Foto: Arquivo pessoal

Os pesquisadores decidiram ir até a região e coletar a planta para análise no laboratório, a fim de chegar até a identificação. "O Julio mostrou para a gente onde estavam as plantas, ajudou a gente a ter uma dimensão mais ou menos de qual o tamanho da população das plantas, para poder fazer o trabalho completo, não só de descrição da planta como algo novo, mas também fazer uma avaliação precisa do estado de conservação", detalha.

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Estudo

Os autores são pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e ficaram 11 meses trabalhando no estudo. Entre os nomes, estão Gonela, Couto, Fernandez e Elton Leme. 

Durante a pesquisa, foi possível determinar que os pelos encontrados nas folhas da bromélia têm a função de absorver água, ou então, protegê-la de perder a hidratação. Eles puderam também classificar a espécie no nível mais alto de risco de extinção, pois é uma planta que tem uma população muito pequena, muito restrita e que está sujeita a ameaças. O estudo científico foi publicado na revista científica Phytotaxa. 

"O Júlio tem uma participação muito ativa nas descobertas que a gente tem feito. Então, no começo desse ano, saiu uma outra bromélia, que ele participou também das descobertas. [...] Ele participou ativamente desde o momento da descoberta da planta até a coleta de dados sobre a identificação e sobre o nível de ameaça a que a ela está exposta. Foi por isso que a gente achou uma forma muito justa de reconhecer esse trabalho todo que ele fez e homenagea-lo com o nome da espécie", diz Gonela. 

Julio César de Santos Ribeiro tem o olhar apurado para novas espécies
Foto: Arquivo pessoal

Olhar apurado

O pesquisador não deixa de frisar que Julio tem um talento para descobrir novas espécies. O jovem, que sempre gostou da natureza, já ajudou em vários outros estudos. A primeira vez foi em 2013, quando ainda era adolescente, conforme conta Gonela. Desde então, sempre que encontra algo novo, o rapaz o avisa. 

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"Ele realmente criou um olhar muito apurado para reconhecer aquilo que realmente é diferente. [...]  No começo desse ano, saiu uma outra bromélia, que ele participou também das descobertas. A região onde ele mora, tem revelado muita novidade nos últimos anos. É uma região muito especial e é muito legal que a gente tenha encontrado o Júlio, o pai dele também, o Edmilson; são pessoas que estão muito interessadas em conhecer e proteger essa biodiversidade", finaliza.

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Fonte: Redação Terra
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