Todo ano, a ONG Guardiões do Mar realiza uma força-tarefa junto a catadores de caranguejo para a limpeza do manguezal da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. A operação chegou a sua oitava edição removendo mais de cinco mil quilos de resíduos sólidos da região das cidades de Itaboraí, Guapimirim e Magé.
O projeto funciona entre outubro e dezembro, quando acontece o defeso dos caranguejos-uçá da região que “é quando eles estão em período de reprodução e fica proibido capturar, armazenar e comercializar esses animais”, explica Janaina Oliveira, coordenadora do Projeto UÇÁ, que conduz a Operação LimpaOca, da organização Guardiões do Mar.
Como os catadores ficam impossibilitados de trabalhar com os caranguejos durante o período de defeso, a instituição oferece uma bolsa-auxílio para que possam atuar na limpeza do manguezal e, assim, além de fazer renda extra, também possam garantir um ambiente mais livre para o desenvolvimento do crustáceo e mais seguro para os trabalhadores no retorno à captura.
A última edição envolveu 30 catadores e pescadores em uma área de aproximadamente 12 hectares e metade do grupo foi formado por mulheres.
Resíduos encontrados
O plástico é o material mais encontrado durante a operação, mas não o único. Vidro, têxteis, madeira, isopor e borracha também são abundantes. “Infelizmente, muitos dos resíduos são materiais perfurocortantes, como agulhas de seringas, pregos e cacos de vidro”, conta Janaina ao explicar que todo esse lixo traz risco à atividade dos catadores, que fazem a captura enfiando a mão nos buracos dos caranguejos.
A retirada desses resíduos do mangue não é fácil e exige um esforço físico muito grande dos profissionais. Dali já saíram pneus, televisões e basicamente tudo o que existe dentro de uma casa já foi visto lá. “Já teve até banheiro químico e boneca inflável”, diz Janaina.
Assista ao vídeo sobre operação no início desta matéria.