Santa Catarina tem parque que alaga de propósito para evitar estragos por enchentes

Mecanismo em Jaraguá do Sul (SC) previne que as enchentes do rio Itapocu, que atravessa a cidade, atinjam ruas e residências

25 mai 2024 - 09h32
(atualizado às 15h51)
Parque Linear Via Verde, no município de Jaraguá do Sul
Parque Linear Via Verde, no município de Jaraguá do Sul
Foto: Reprodução/NSC TV

Com áreas propensas a inundações, Jaraguá do Sul, no Norte de Santa Catarina, desenvolveu um parque que inclui academia, pista de skate e outras opções de lazer, projetado para inundar propositalmente em dias de chuva intensa. Esse sistema previne que as enchentes do rio Itapocu, que atravessa a cidade, atinjam ruas e residências. As informações são de reportagem da NSC TV, afiliada à Rede Globo.

Inspirado em espaços similares de Nova Iorque e Holanda, o parque possui uma área de alívio para as águas das enchentes, criada pela escavação de uma área de pastagem. Após a limpeza, os equipamentos podem ser reutilizados normalmente.

Publicidade

Rodeado por uma trilha para caminhadas e equipado com quadras esportivas, o Parque Linear Via Verde foi desenvolvido seguindo uma recomendação do Ministério Público de Santa Catarina, que conta com um grupo especializado em diagnosticar, mapear e regulamentar áreas sujeitas a inundações.

De acordo com a prefeitura, o parque é projetado para inundar durante chuvas intensas, funcionando como um reservatório temporário para a água do rio.

O promotor de justiça da Defesa do Meio Ambiente de Jaraguá do Sul, Alexandre Schmitt dos Santos, explicou que a infraestrutura foi planejada para resistir às enchentes.

"Todos os equipamentos implantados aqui são de metal, plástico ou concreto, de modo que, a partir do momento em que o rio baixa, eles podem ser higienizados e se volta a utilizá-los normalmente, sem maiores prejuízos", afirmou à TV. 

Publicidade

De acordo com o município, o último trecho da construção foi concluído em 2023, embora a área alagável, onde o rio se espalha, esteja em operação desde 2019. A prefeitura ressalta que desde então não houve registros de incidentes graves relacionados às chuvas. Em entrevista à CBN Joinville, o chefe de gabinete de Jaraguá do Sul, João Berti, mencionou que, apenas em 2022 e 2023, o município enfrentou quatro situações que testaram a eficácia do parque.

"Os efeitos são sentidos por toda a cidade. O centro da cidade alagava com muita frequência, e não alagou nessas últimas quatro enchentes que tivemos", destacou.

Segundo Otoniel da Silva, secretário de Obras e Serviços Públicos de Jaraguá do Sul, a situação do rio é acompanhada pelos técnicos da secretaria durante os períodos chuvosos.

"Quando ele chega à determinada cota, a gente já começa a avisar o setor de trânsito para fazer a interdição da via, e a seguir a gente espera o evento acontecer [o alagamento]. Assim que as águas baixam, a gente já mobiliza toda a nossa equipe para fazer a limpeza e entregar o mais rápido possível para os munícipes utilizarem", explicou ele. 

Publicidade

Dados mostram resultado eficaz 

Informações fornecidas pela Defesa Civil do município à NSC TV indicam que a área tem sido eficaz na redução dos danos causados por tempestades.

No ano de 2022, com o sistema já em operação, Jaraguá do Sul registrou um total de 339,3 milímetros de chuva além do esperado. Mesmo assim, o município contabilizou pouco mais de 20 incidentes, como quedas de árvores e deslizamentos, todos sem gravidade. Nenhuma pessoa precisou ser evacuada.

Antes da conclusão dessa estrutura, os números eram bem diferentes, conforme relata a prefeitura:

  • No ano de 2008, por exemplo, os meses de outubro e novembro registraram 327,9 e 318,3 milímetros de chuva, respectivamente. Naquela ocasião, 1,5 mil pessoas ficaram desalojadas, 15 famílias desabrigadas, 7 mil casas foram atingidas, 15 residências destruídas e 13 pessoas perderam a vida;
  • Em junho de 2014, o município registrou 280,6 milímetros de chuva. Houve 130 pontos de alagamento e 90 pessoas precisaram se abrigar em instalações municipais, enquanto centenas buscaram refúgio em casas de parentes ou amigos. O fornecimento de água potável foi interrompido por várias horas, e mais de 50 deslizamentos foram registrados;
  • No período de 6 a 8 de junho de 2011, a cidade registrou 376 milímetros de chuva. As enchentes afetaram 70 mil pessoas (50% da população do município), deixando 90 pessoas desabrigadas e centenas desalojadas. Cerca de 70% da área urbana foi atingida.
Fonte: Redação Terra
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se