Cogumelos nascem em processos trabalhistas que ficaram submersos em enchentes do RS

De acordo com o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, mais de 1 milhão de documentos foram atingidos

5 jul 2024 - 12h10
(atualizado às 12h40)
Cogumelos e mofo cresceram nos processos que foram atingidos pela enchente no RS
Cogumelos e mofo cresceram nos processos que foram atingidos pela enchente no RS
Foto: Reprodução/RBSTV

O Tribunal  Regional do Trabalho da 4ª Região, em Porto Alegre (Rio Grande do Sul), teve mais de 1 milhão de processos atingidos pelas enchentes que assolaram o estado em maio. A água subiu quase três metros de altura no local e danificou parte do arquivo-geral da unidade. Mofo e cogumelos nasceram em meio à papelada molhada. A informação é da RBS TV, afiliada da Rede Globo. 

As equipes foram liberadas para entrar no prédio só em 5 de junho, e uma especialista em estrutura visitou o local para análise da segurança das estantes e do edifício. Também foi traçado um plano de retirada dos processos judiciais para restauro de forma segura. 

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Devido ao ocorrido, a sala localizada na Rua Provenzano, nas proximidades do Aeroporto Salgado Filho, na zona norte da cidade, apresenta cheiro forte e o bolor nos arquivos, que ficaram molhados. Com a força da água, muitos deles ficaram revirados nas prateleiras enormes. Quando a água baixou, muitos deles estavam cobertos com uma camada fina de lama, além do mofo e óleo. 

Processo de restauro 

Segundo o TRT-4, o processo de restauro começou ainda em junho e um plano de trabalho foi traçado para que nenhum documento fosse perdido. O acervo inclui processos de previdência e revisão de aposentadorias, entre outros, e por seu por seu valor histórico, receberam o selo ‘Memória Mundo’ da UNESCO, sendo considerados Patrimônio da Humanidade.

Equipes trabalham no processo de restauro de processos atingidos pela enchentes no Rio Grande do Sul
Foto: Divulgação/TRT-4

Por uma questão de saúde e segurança, a permanência no local é de no máximo quatro horas por dia, e somente são retirados processos que estavam no chão, sem estarem empilhados, para evitar risco de queda das prateleiras que guardam a papelada. 

Um serviço de hidrojato para limpeza também foi contratado, para a higienização dos itens. Também ocorre a secagem e desinfecção para que a deterioração seja estancado. Desde o dia 20 de junho, está ocorrendo também a digitalização dos processos e o acervo terá as suas informações preservadas. 

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Um restaurador de obras raras de Recife, o professor Eutrópio Bezerra, foi contratado para auxiliar na recuperação dos documentos. “Essa enchente, infelizmente, é um referência para muitos restauradores porque cada desastre natural tem a sua característica de deterioração. É um pouco triste, mas temos certeza que vamos salvar. É uma referência para o Brasil, porque não para o mundo todo”, afirmou à TV. 

Análises da água foram feitas pelo Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para verificar a contaminação por micro-organismos e metais pesados. Em ambas, os resultados apontaram inexistência de contaminação.

Fonte: Redação Terra
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