Diversos clubes do futebol brasileiro investem em ações de sustentabilidade para conscientizar os torcedores e promover um cuidado especial com o meio ambiente. Coritiba, Fortaleza, Goiás, Cuiabá e Internacional estão se tornando referência no assunto em solo brasileiro.
Há dois anos, o projeto Nossa Identidade Verde começou os seus caminhos no Coritiba, de olho na agenda ESG. A principal ideia é de conseguir fazer a torcida se conscientizar sobre sustentabilidade. Para que isso aconteça, o clube passou a tratar e gerenciar os resíduos do Couto Pereira e do CT da Graciosa - em jogos no estádio, potes de plásticos de uso único, canudos e sachês de condimentos são proibidos.
Além disso, o clube também tem um projeto de upcycling que prevê destino a mais de mil peças de uniforme que não tem finalidade de uso, além de outras medidas.
O gestor de projetos do clube, Rodrigo Weinhardt, destaca os principais objetivos da agremiação com relação à sustentabilidade. "No desenho do Planejamento Estratégico do Curitiba Ideal, que foi o grupo que assumiu o Curitiba em 2021, a gente implementou e colocou a questão da sustentabilidade como um dos pilares do planejamento estratégico, considerando reputação e reconstrução de marca", afirmou ao Terra.
"A gente tomou algumas medidas como, por exemplo, proibir o uso de sachê, porque o sachê contaminava resíduos e dificultava a limpeza, necessitando de mais água, mais alvejante, uma série de coisas. Então proibimos o uso, tiramos de circulação do estádio aqueles paletes de carregar copo de papelão. Embora o papelão tenha uma probabilidade razoável, era um resíduo desnecessário, não precisava daquilo", detalhou.
O Goiás tem implementado o uso de energia solar no complexo da Serrinha. De acordo com a expectativa do Esmeraldino, ao fim do processo, 50% do local será abastecido pela fonte de energia que é limpa e renovável, de acordo com Eduardo Júnior, vice de patrimônio do clube.
"O sonho de instalar uma usina solar vêm de longa data, primeiro porque o Goiás tem como missão a preservação ambiental e segundo porque a redução de custos fixos é uma pauta constante para melhorar a performance do clube. É de conhecimento público que o nosso País, por ser de clima tropical, tem grande potencial para produção de energia limpa e não poderíamos deixar de aproveitar as vantagens de gerar a nossa própria energia e reduzir os custos da conta de energia", disse.
A gestão atual priorizou desenvolvimento de projetos com um viés estratégico, focando em captação de parceiros que tivessem o interesse no fortalecimento de marca. Foram inúmeras negociações até que a empresa 5G Energia Solar aceitou o desafio de investir como patrocinador.
A capacidade de produção da usina instalada gira em torno de 26KWh/mês. Com isso, a Serrinha terá capacidade de gerar, de imediato, 70% de toda a energia consumida pelo Goiás Esporte Clube e com as ampliações previstas para os próximos anos a capacidade de produção deve chegar a 2MVA/ano.
“Com certeza é um projeto relevante. Por tudo o que representa, a sustentabilidade, energia limpa e renovável, nós temos orgulho de afirmar que estamos contribuindo com o meio ambiente e toda a nossa sociedade quando utilizamos, por exemplo, a captação de energia solar fotovoltaica em nossas estruturas extracampo”, conta Tiago Pinheiro, diretor de marketing do Goiás.
O Fortaleza, por sua vez, iniciou o projeto Gols Verdes em 2022, que já fez o clube plantar mais de 50 árvores no CT Ribamar Bezerra desde que o clube começou o programa. A ação do Leão do Pici está ligada a diversos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) das Nações Unidas, por exemplo, o de Saúde e Bem-Estar, Cidades e Comunidades Sustentáveis, Combate ao Aquecimento Global e Preservação da Biodiversidade. A iniciativa é da plantação de uma muda a cada gol marcado pelo Leão.
“O projeto Gols Verde surgiu porque nós entendemos que o futebol tem importante papel na conscientização do público sobre questões como sustentabilidade. Nesse momento, já são 50 mudas de árvores plantadas no nosso centro de treinamento. Com nosso bom desempenho dentro de campo, torcemos e sabemos que esse número vai aumentar cada vez mais”, explica Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.
Já o Internacional lançou, junto da fornecedora de material esportivo, uma camiseta que ressalta a preocupação da equipe colorada com a sustentabilidade, que é a única do Brasil com o Certificado de Gestão de Resíduos. O clube conta com uma central que faz uma triagem dos resíduos antes de eles irem para o seu destino final, realizado pela Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (ASCAT).
Além disso, assim como o Goiás, o Colorado tem uma fonte de energia renovável e reutilizável no Beira-Rio, evitando uma emissão maior de gás carbônico. O clube gaúcho também recolhe a água da chuva com membranas que fazem com que a água seja reutilizada, por exemplo, nos vasos sanitários do estádio.
"No dia-a-dia, temos uma responsabilidade enorme com um mundo sustentável. Não é só discurso. Aqui no Inter, funciona na prática. No Beira-Rio, durante os jogos, na convivência entre os funcionários. Levar esse conceito para uma camisa oficial reforça o nosso compromisso com a ideia da sustentabilidade. Estamos muito orgulhosos de construir mais essa novidade", disse o vice-presidente de Marketing, Nelson Berny Pires.
"Pretendemos reforçar o que já existe e sempre estar atento a novas oportunidades. No próprio estádio, o clube é o único do Brasil a contar com uma central que faz uma triagem dos resíduos antes de eles irem para o seu destino final, realizado por uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis", acrescenta. "Ainda temos um banheiro com uma tecnologia sem uso de água no Beira-Rio e a compra de energia limpa. O cuidado com o meio-ambiente é cada vez mais frequente por aqui".
Nelson ainda revelou que a compra no mercado livre de energia, chamado de Ambiente de Contratação Livre, trouxe economia estimada em mais de R$ 3 milhões e mais de 1,5 mil tonelada de carbono desde 2019. Essa iniciativa equivale ao plantio de mais de 5 mil árvores.
No novo CT do Cuiabá, a água de irrigação do gramado vai ser reutilizada em um lago artificial que está sendo construido na região. Vai ser uma espécie de ciclo: a água do lago irá irrigar os campos e, na drenagem, vai para um sistema de tratamento, retornando para o lago.
"Na época da chuva, como vai chover muito em cima do lago, e vai chover muito em cima dos três campos, esses três campos tem uma drenagem muito boa, então toda a água dos três campos vai direto para esse lago, que, dessa forma, sempre estará cheio. E a gente vai utilizar essa água do lago depois de uma filtragem para irrigar os campos. Então assim, na época da chuva, a gente não vai usar mais água do subsolo, do poço artesiano, para irrigar os campos. É um projeto sustentável, bem interessante mesmo, porque vai economizar muita água durante seis, sete meses do ano", disse Cristiano Dresch, presidente do Cuiabá.