BRASÍLIA- O presidente da Conferência do Clima da ONU (COP-30) no Brasil, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou nesta terça-feira, 21, que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris terá um "impacto significativo" na preparação da conferência de Belém.
Na última segunda-feira, o presidente americano Donald Trump retirou os Estados Unidos do tratado global sobre clima, que define metas de redução de emissões de gases do efeito estufa para tentar frear o aquecimento global.
"Estamos todos ainda analisando as decisões do presidente Trump, mas não há menor dúvida que terá um impacto significativo na preparação da COP e na maneira como nós vamos ter que lidar com o fato de que um país tão importante está se desligando desse processo", disse Corrêa do Lago.
Segundo o embaixador, os Estados Unidos têm um papel relevante não só por ser a maior economia do mundo, mas por ser um dos maiores emissores e por trazer respostas à mudança do clima por meio de desenvolvimento de tecnologias. "Os Estados Unidos são um ator essencial", afirmou o embaixador.
O presidente da COP-30 afirma que o Brasil conversará com os Estados Unidos para organizar a saída do Acordo de forma "mais construtiva".
"Porque é uma decisão soberana de um país de sair de um acordo, mas isso não quer dizer que necessariamente esse acordo não possa encontrar uma forma de contornar a ausência desse país", analisou.
Corrêa do Lago destacou que os Estados Unidos continuam sendo membro da Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre o Clima (UNFCC) e que há canais abertos para diálogo sobre o tema.
O embaixador foi anunciado como presidente da COP-30 nesta terça-feira pela secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, e pela Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
A atual secretária nacional do Clima, Ana Toni, foi anunciada como diretora-executiva da COP-30.
"O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério de Relações Exteriores ocupam essas duas posições que são fundamentais e estratégicas na parte de conteúdo, negociação e liderança de todo o processo da COP", disse Marina Silva.
Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu o mandato em 2023, o embaixador passou a ocupar o cargo de secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, liderando as negociações do Brasil nas últimas conferências do Clima, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (2023) ; e em Baku, no Azerbaijão (2024).