Perder um objeto de valor é sempre frustrante e desesperador. Agora, imagina deixar cair e perder algo como um celular, por exemplo, em um lago com 38 metros? Assustador, não é mesmo? Pois é neste cenário em que está a maioria dos clientes do Edvilson Magalhães, de 50 anos.
Ele, que é mergulhador profissional do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), conquistou um público forte nas redes sociais compartilhando o que encontra no fundo do Lago Paranoá, um dos principais destinos de lazer de Brasília. Ao Terra, ele contou que tudo começou como um hobby, mas com o sucesso dos vídeos passou a ser procurado para tentar recuperar objetos no fundo do lago -- o que também contribui para a redução do lixo e poluição no local.
“Sou mergulhador profissional, aí nas horas vagas meio que apareceu este tipo de serviço e algumas demandas. Por eu já estar na área de mergulho, sempre vem uma demanda”, explicou em conversa com a reportagem.
De acordo com ele, ao todo, são 25 anos trabalhando na área. Desse número, 15 deles são na busca de objetos, que ele faz em paralelo à atuação como bombeiro. “Atualmente, o pessoal me acha bastante assim, pelas redes sociais e também por indicação. Às vezes, o cliente já precisou do meu serviço, aí conhece alguém que acabou de perder, e acaba me indicando e recomendando o meu trabalho para essa pessoa”, comentou.
E a quantidade é grande. Entre os seus achados, há correntes de ouro e prata, alianças, drones e até motores de barco. O objeto campeão, no entanto, é o celular, sendo a maioria iPhone. A quantidade é tanta que Edvilson nem consegue fechar o número exato de resgate. "São muitos, não tem como eu precisar, mas podemos afirmar entre uns 80 a 100 celulares. Já cheguei a ter umas duas caixas de sapatos com carcaças de celulares", revelou.
'Achados' curiosos
Magalhães revela que já encontrou todo tipo de coisa no fundo de lagos e rios. “Uma vez, mergulhando aleatoriamente, achei uma perna mecânica. Uma prótese, né? Fiquei pensando: ‘Como que a pessoa perdeu?’”, relatou, com bom humor. “Alianças também, achar assim, no 'meiozão' do lago, é uma coisa surpreendente por causa da precisão. É um objeto tão pequeno e a pessoa conseguir marcar aquele ponto, pegar as coordenadas, chegar lá e realmente coincidir”.
Segundo ele, não existe “missão fácil”, mas que elas só se tornam impossíveis quando o cliente não tem ideia do local onde possa ter perdido o objeto. “Ai esse serviço fica bem difícil de fazer. Você nem chega a procurar, já meio que desiste por falta de informação e já sabendo que você vai mergulhar ali e não vai achar, vai aumentar o preço. A probabilidade de aumentar o prejuízo daquela pessoa é muito grande”, pontua. “Quando as pessoas têm boas informações, boa localização, a gente tem um êxito muito grande ali”.
Sobre os valores que cobra, Magalhães explica que varia de caso para caso. “A gente avalia o pedido para ver se vale a pena para o meu serviço. Aí, eu cobro uma porcentagem em cima do valor, levando em consideração a dificuldade do mergulho, tricolores graves, distância do deslocamento. Uma série de fatores se atribui com esse valor”, destaca o bombeiro, que deixa seu contato em destaque na página de seu perfil no Instagram para contratações de "resgate".