O fenômeno El Niño consiste em um aquecimento excessivo das águas do Oceano Pacífico entre o continente americano, a Ásia e a Oceania, que pode afetar diversos locais do globo, tais como o Brasil, podendo tornar regiões mais úmidas ou mais secas.
O fenômeno meteorológico El Niño, que alcançou intensidade máxima em dezembro, é um dos cinco mais fortes já registrados, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). A organização informou nesta terça-feira, 5, que, nos meses de março a maio, as previsões de temperaturas globais ficarão acima da média.
"Temperaturas acima do normal estão previstas em quase todas as zonas terrestres entre março e maio", destacou a OMM, organização vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU)”, em entrevista à agência AFP.
Segundo a organização, o El Niño está perdendo força gradualmente, porém, continuará influenciando o clima global nos meses seguintes, intensificando o calor causado pelas emissões de gases do efeito estufa provenientes das atividades humanas.
O que é o fenômeno El Niño?
O fenômeno do El Niño é um evento do clima no qual há o aquecimento excessivo das águas do Oceano Pacífico em sua área equatorial (perto da linha do Equador), entre o continente americano, a Ásia e a Oceania. Esse aquecimento acima do normal traz diversos impactos na temperatura da Terra e, também, nas chuvas em diferentes locais do globo.
É comum que a água nessa região do oceano tenha sua temperatura elevada entre 2º C a 3,5º C. Se, normalmente, as águas do Pacífico têm 23º C, durante o El Niño as águas podem esquentar para um nível entre 25º C até 26,5º C, aproximadamente.
O termo El Niño surgiu por causa do período em que esse fenômeno foi descoberto por pescadores da costa oeste sul-americana. Como a primeira observação detectou o fenômeno em dezembro, próximo ao Natal, deu-se o nome espanhol de "El Niño", em uma referência ao menino Jesus, que é celebrado na época.
Qual é a causa do fenômeno El Niño?
O El Niño é um fenômeno natural que acontece quando os ventos que sopram no Equador, de leste a oeste no planeta, são menos intensos do que de costume. Assim, a água do Oceano Pacífico, na altura da linha do Equador, tende a ficar mais quente, o que também aumenta as temperaturas gerais das águas oceânicas.
O calor das águas mais quentes faz com que a evaporação da água seja maior e haja formação de nuvens de chuva intensa. Além disso, outros locais ficam mais secos, já que o El Niño desregula a distribuição de correntes de vento que ajudam a distribuir as chuvas. Estima-se que, durante os anos em que o El Niño acontece, a temperatura da superfície da Terra fique pelo menos 0,1º C acima do normal.
Esse fenômeno é o oposto do comum, já que, nos anos em que o El Niño não acontece, ventos transportam águas do Oceano Pacífico para a direção oeste. Esses ventos tornam o ar acima dessas águas mais leve e úmido e, quando ele atinge grandes altitudes, se condensa e forma nuvens e gotículas de águas que levam chuva para a Oceania.
Além disso, esse movimento de ventos eleva as águas mais frias do Oceano Pacífico Equatorial para a superfície. Essa água, rica em nutrientes, atrai peixes para a costa do Peru, sendo importante para a cultura de pesca local.
Com o El Niño, a água fica mais quente, e a evaporação faz com que as nuvens de chuvas surjam mais próximas da América do Sul. Esse desequilíbrio é o responsável por deixar, no Brasil, o clima no Norte e Nordeste mais seco e no Sul e no Sudeste, mais úmidos.