Uma nova Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) está ativa e deve trazer chuvas fortes para o País. Esse sistema é responsável por dias seguidos de tempo nublado e volumes consideráveis de chuva, por vezes persistentes, o que pode causar impactos à população, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
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As chuvas devem se concentrar em áreas que vão desde o sudoeste da Amazônia, atravessando as regiões Centro-Oeste e Sudeste, até o Oceano Atlântico, com maior intensidade no Sudeste, onde os impactos à população podem ser mais significativos nos próximos dias. A ZCAS pode estar ativa pelo menos até a próxima segunda-feira, 30.
Segundo alerta da Defesa Civil Nacional, nesta sexta-feira, 27, há atenção para os seguintes locais: São Paulo (Região Metropolitana de SP, Campinas, Vale do Paraíba), Minas Gerais (Sul de Minas, Região Metropolitana de BH) e Rio de Janeiro (Região Serrana, Região Metropolitana do RJ).
Para o fim de semana, dias 28 e 29, há risco de grandes acumulados de chuva, superiores a 100 milímetros, no Rio de Janeiro (Região Serrana, RMRJ, Costa Verde), Minas Gerais (Zona da Mata, Sul de Minas, Campos das Vertentes, RMBH) e atenção também para o litoral de São Paulo.
Mas o que é a ZCAS?
De acordo com o Climatempo, a Zona de Convergência do Atlântico Sul é o principal fenômeno meteorológico do verão no Brasil, responsável por um período prolongado de chuvas intensas e frequentes nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
Em várias áreas do Sudeste e Centro-Oeste, a grande quantidade de precipitação gerada pela ZCAS, que geralmente ocorre por um intervalo de 4 a 10 dias, pode corresponder a uma parte significativa da chuva do trimestre mais chuvoso do ano.
Quando a ZCAS se instala, uma ampla região de nuvens carregadas persiste sobre o território brasileiro por vários dias consecutivos, atravessando as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
Fenômenos que influenciam a ZCAS
A ZCAS é uma conexão entre frentes frias no oceano e grandes áreas de instabilidade sobre o interior do Brasil. No entanto, a localização das chuvas pode variar de acordo com o ano e a região do País, conforme explica o Climatempo. A atuação da ZCAS não é igual todos os anos e não ocorre sempre nas mesmas áreas.
Fatores globais, como El Niño e La Niña, influenciam a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul. As alterações no padrão dos ventos em diferentes níveis da atmosfera, causadas pelo aquecimento das águas do Pacífico Equatorial Central e Leste (El Niño) ou pelo seu resfriamento anômalo (La Niña), podem dificultar ou facilitar a organização da ZCAS no Brasil.
De maneira geral, durante anos de El Niño, a formação da ZCAS é mais difícil, embora isso não signifique que o fenômeno não aconteça. O El Niño prejudica a organização da Alta da Bolívia, que é um sistema essencial para a formação da ZCAS.
Por outro lado, a La Niña tende a facilitar a organização da ZCAS. A neutralidade no Pacífico Equatorial Centro-Leste, ou seja, quando não há nem El Niño nem La Niña, também favorece a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul.
A grande área de instabilidade sobre o interior do Brasil pode se posicionar de forma intermediária entre o Sudeste e o Centro-Oeste, resultando em uma distribuição de chuva mais equilibrada por praticamente toda a extensão dessas regiões, incluindo Estados da região Norte, como Amazonas, Rondônia e Acre.
Quando o eixo da ZCAS se desloca para o norte, as chuvas persistentes tendem a ocorrer principalmente no Espírito Santo, norte de Minas Gerais, Bahia, Tocantins, parte do Pará, sul do Amazonas, norte de Goiás, Distrito Federal e centro-norte de Mato Grosso. Nessa configuração, a precipitação é menos frequente no centro-sul e oeste de São Paulo e em Mato Grosso do Sul.
Quando o eixo da ZCAS se desloca para o sul de sua posição habitual, as chuvas mais intensas atingem São Paulo, o centro-sul de Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de sul de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegando também ao Paraná.
Em situações excepcionais, a chuva da ZCAS pode avançar ainda mais para o sul do Brasil, alcançando Santa Catarina e até o Rio Grande do Sul.