O Estado de São Paulo enfrenta a pior seca desde pelo menos 1981 para o segundo quadrimestre do ano, que corresponde aos meses de maio e agosto, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
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De acordo com dados parciais de agosto do Cemaden, solicitados ao núcleo pelo Terra e enviados nesta quarta-feira, 28, dos 645 municípios do Estado de São Paulo, 174 estão em condição de seca extrema, a segunda pior na escala.
A pesquisadora em secas do Cemaden, Ana Paula Cunha, também informou que foi observada a ocorrência de seca excepcional -- a pior na escala -- em pontos específicos de algumas cidades no centro-norte do estado. Veja a seguir a situação do Estado no mapa:
A seca extrema é aquela que causa grandes perdas de culturas agrícolas e pastagem, além de escassez de água generalizada ou restrições. Já a seca excepcional, além das perdas, apresenta escassez de água nos reservatórios, córregos e poços de água, criando situações de emergência.
No segundo mapa, confira também as áreas no estado de São Paulo que apresentam o maior déficit de chuvas, com base em uma análise histórica abrangendo o período de 1981 a 2024:
No boletim de julho, o Cemaden indicou que, em uma escala dos últimos seis meses, São Paulo concentra o maior número de municípios com condição de seca extrema entre todos os estados do País.
Ainda conforme o último boletim, numa escala de três meses, 404 municípios em todo o Brasil apresentaram condições de seca extrema e 1.361 estavam com condição de seca severa.
"As regiões mais afetadas incluem Amazonas, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Essa intensificação se deve principalmente aos baixos índices pluviométricos, que resultaram em maior estresse vegetativo e umidade do solo reduzida", diz o Cemaden.
A projeção do índice para agosto inclusive já alertava para um agravamento da seca em diversas regiões do País, com destaque para Amazonas, Acre, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
Queimadas em São Paulo
São Paulo enfrenta o pior mês de agosto em números de focos de queimadas desde 1998, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ano em que a medição iniciou. A seca é um dos fatores que contribui para a propagação das queimadas.
As queimadas no Estado começaram na última quinta-feira, dia 22, e duraram até o último domingo, 25. De acordo com balanço divulgado na última segunda-feira, 26, pelo governo estadual, 48 municípios do Estado de São Paulo permanecem em alerta máximo para queimadas. No momento, não há mais registro de focos ativos de incêndios.
Imagens de satélite mostram a tragédia ambiental e impressionam pelo tamanho da destruição causada pelo fogo. Confira as imagens da Planet Labs PBC, cedidas ao Terra.
Funcionários do Ibama se reuniram em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para anunciar novas medidas. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, informou que o prejuízo pode chegar a R$ 1 bilhão.
A Polícia Federal investiga o caso para apurar se trata-se de uma ação coordenada de incêndios criminosos, e para responsabilizar os possíveis autores. Até esta quarta-feira, 28, 5 pessoas já haviam sido presas, suspeitas de envolvimento no início das queimadas, em diferentes cidades.
Um dos suspeitos confessou ter envolvimento com uma facção criminosa, enquanto outro revelou ter recebido dinheiro para atear fogo em uma das áreas.