Na contramão do modelo linear da indústria de fast fashion, iniciativas locais estão ganhando destaque por priorizarem uma confecção responsável, sustentável, familiar e inclusiva. O empreendimento construído pela influenciadora digital Lorrine Mondin, de 26 anos, é um exemplo de ação que aproxima consumidores cada vez mais exigentes e carentes de marcas que impactam positivamente a biodiversidade regional e global.
A marca de roupas slow fashion Sra.Sono foi fundada pela jovem em novembro de 2020, e nasceu com a proposta de oferecer peças confortáveis, versáteis e ecológicas para o público. São produtos que vão de conjuntos, croppeds, regatas à calças de alfaiataria, saias longas, coletes e shorts.
O estoque, que começou ofertando três peças, já aumentou 500% em relação ao ano de abertura do negócio. O faturamento em 2022 - cujos números a empreendedora preferiu não divulgar ainda - teve um aumento de 98% em relação ao ano de 2021. Para este ano, a empresa prospecta dobrar o faturamento do negócio.
Em ascensão
A marca já consolidou mais de 10 mil seguidores nas redes sociais e possui duas lojas físicas na cidade de Bauru, interior de São Paulo, onde Lorrine nasceu. A ideia surgiu a partir da observação da empresária em identificar uma ausência de roupas eco-friendly no mercado.
Lorrine é formada em Mídias Sociais Digitais pela Faculdade Belas Artes, na capital paulista. Com a sua experiência no marketing e atuação na cobertura das principais semanas de moda no mundo, a jovem explica que o desejo em criar uma marca própria e autêntica aumentou. Como sempre teve uma conexão forte com a sustentabilidade, uniu a sua paixão pela moda com a preocupação com o planeta.
“Foi realmente uma prioridade para mim na hora de criar a minha marca. Eu queria causar um impacto positivo no mundo da moda. A gente sabe que a indústria da moda é uma das mais poluentes e eu pensei: ‘Não posso criar uma coisa minha que não tenha essa identidade e esse viés totalmente sustentável’”, conta ao Terra.
Conforme argumenta, Lorrine acredita que é essencial que o setor se preocupe não só com a diversidade, mas com um processo humanizado da produção à ponta, no qual faz questão de incluir na Sra. Sono. “Foi uma forma de interligar tudo isso que eu acreditava”, diz.
Desafios
Lorrine conta que a marca Sra. Sono não teria saído do papel sem a ajuda fundamental de seus pais, sócios do negócio e que acreditaram na ideia promissora da jovem. Ela pontua que o começo foi o momento mais desafiador para o crescimento da marca, mas que o trabalho em equipe ajudou a desenvolver soluções que se conectam para os pilares da Sra. Sono.
“Esbarramos em muitas dificuldades, principalmente [em relação à] sustentabilidade”, destacada ao falar da procura por fornecedores que estivessem alinhados aos objetivos da empresa. “A nossa maior dificuldade foi nas pequenas coisas, [em] conseguir trazer esse lado ecológico”, comenta.
Segundo Lorrine, a ideia era fazer de todo o processo um modelo sustentável, de forma a reaproveitar os resíduos das peças, fornecer embalagens reutilizáveis e ainda consolidar a identidade da marca entre os consumidores. Deu certo. A criatividade aliada ao bem-estar social e ambiental fez com que a Sra. Sono entregasse novos formatos aos clientes.
Impacto social
Com os retalhos dos tecidos, a equipe desenvolveu elásticos para amarrar o cabelo, lenços, tapa olhos para dormir e ainda produtos exclusivos para a caridade. “Queríamos causar um impacto realmente zero no meio ambiente”, frisa.
“Muitos clientes também trazem essas ideias do que nós podemos fazer para inovar e diferenciar, daí tivemos a ideia de fazer travesseiros, que doamos para instituições que ajudam idosos”, cita Lorrine, que enfatiza a busca da marca em fomentar tal pilar por meio de campanhas sociais. Com a venda de duas camisetas t-shirts da loja, por exemplo, uma é doada para moradores de rua.
* Trainee sob supervisão de Karen Lemos