Lula culpa os países ricos por poluição do planeta: 'Dívida com a humanidade'

Presidente afirmou que os repasses financeiros destinados às nações em desenvolvimento para preservar natureza não é "favor"

14 ago 2023 - 10h41
(atualizado às 13h34)
'Dívida com a humanidade', diz Lula sobre dinheiro de países ricos para preservação de florestas
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que os países mais desenvolvidos e ricos possuem uma "dívida com a humanidade" devido à poluição produzida durante os últimos séculos de industrialização. As declarações foram feitas nesta segunda-feira, 14, em transmissão pelas redes sociais. 

"É muito simples compreender. Os países ricos tiveram sua introdução na Revolução Industrial bem antes que o Brasil. Então, são responsáveis pela poluição do planeta, conseguiram derrubar todas as suas florestas antes de nós. Agora, o que têm que fazer é contribuir financeiramente para que os outros países possam se desenvolver", disse Lula durante o programa Conversa com o presidente, realizado pela TV Brasil e transmitido pelas redes sociais do governo. 

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Discurso de Lula tem como pano de fundo a restrição fiscal de seu atual governo em comparação com os seus anteriores
Discurso de Lula tem como pano de fundo a restrição fiscal de seu atual governo em comparação com os seus anteriores
Foto: Pedro Kirilos/Estadão / Estadão

Dessa forma, na avaliação de Lula, os auxílios destinados às nações em desenvolvimento para a preservação do meio ambiente não devem ser considerados como "favor", mas sim como uma forma de compensação dessa dívida.

"Não queremos 'ajuda', queremos um pagamento efetivo. É como se tivessem pagando uma coisa que devem à humanidade, a gente preservar as atuais florestas", declarou. 

De acordo com Lula, essa é a perspectiva compartilhada pelos países da Região Amazônica, e que deverá ser apresentada na Cúpula do Clima nos Emirados Árabes Unidos, no final deste ano.

"Temos condições de chegar ao mundo lá nos Emirados Árabes e dizer o seguinte: 'a situação é essa, queremos essa contribuição de vocês e isso não é favor, é pagamento de uma dívida que vocês têm com o planeta Terra'", afirmou. 

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Em outro trecho da entrevista, Lula voltou a repetir a promessa de que o País tentará cumprir a meta de zerar o desmatamento da Amazônia até 2030: "Queremos entregar a Amazônia com desmatamento zero".

Lula também destacou que, embora a preservação seja uma incumbência de todos, a atribuição de responsabilidades deve considerar aspectos históricos, como a contribuição de cada nação na degradação acumulada até o presente momento.

"Alguns têm que ceder mais do que outros. Alguns [que participaram da Revolução Industrial] conseguiram poluir, destruir, há muito mais tempo. Essa gente tem que pagar um pouco mais. Temos que convencê-los disso. Temos que ser muito duros", completou.

O mandatário brasileiro, que tem um encontro marcado com o presidente norte-americano, Joe Biden, em setembro, expressou ainda sua expectativa por investimentos dos Estados Unidos em iniciativas de transição energética no Brasil.

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Transição ecológica 

No programa, Lula enfatizou o plano de transição ecológica apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

"O (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad mostrou para nós que é possível, através de uma transição energética e climática muito forte, a gente trazer dinheiro de fora para investimento aqui no Brasil... Espero que os Estados Unidos também estejam embutidos nesta ideia", disse Lula.

Cúpula da Amazônia

Lula reiterou ainda que a cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), ocorrida na semana passada em Belém, foi bem-sucedida ao unir os países que possuem florestas tropicais em torno de metas compartilhadas em preparação para a COP28, agendada para os Emirados Árabes Unidos no final deste ano.

Durante a cúpula, os 8 países amazônicos participantes assinaram um documento intitulado Declaração de Belém, no qual se comprometem com uma série de políticas e ações conjuntas para fortalecer a cooperação regional.

No entanto, não chegaram a um consenso em relação a uma meta unificada para a eliminação do desmatamento.

Lula minimizou a ausência de acordo entre os participantes, afirmando que é desafiador "encontrar uma solução definitiva" e enfatizou a importância dos pontos em comum alcançados durante a cúpula.

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"Esse encontro teve como pretexto a gente preparar os países que são amazônicos para a gente levar uma proposta sobre as florestas na COP28. A gente conseguiu preparar uma proposta e conseguir uma coisa unitária", completou.

Fonte: Redação Terra
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