O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira, 3, que as chuvas intensas que têm atingido o Rio Grande do Sul desde o início da semana já deixaram pelo menos 35 mortos, acima das 31 mortes relatadas mais cedo pela Defesa Civil do Estado em seu mais recente boletim.
Em declaração à imprensa ao lado do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, em Brasília, Lula voltou a afirmar que o governo federal está à disposição do povo gaúcho e do governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), para o auxílio na reparação dos danos causados pelo temporal.
Ainda de acordo com Lula, o nível do lago Guaíba, em Porto Alegre, já atingiu 4,5 metros. Na noite desta quinta-feira, 2, o governador alertou para a rápida elevação observada no lago, alertando que o nível da água pode chegar a cinco metros até sábado, 4. Caso a previsão se confirme, essa será a maior cheia da história da capital gaúcha, superando a enchente registrada em 1941.
“Quero pedir mais uma vez que as pessoas tenham a percepção de urgência em relação ao que está ocorrendo no Estado. É muito importante que a população leve a sério as recomendações e busque se proteger, que atenda a esse chamado da emergência sem precedentes que estamos vivendo e deixe as zonas de risco”, enfatizou Leite.
O último boletim atualizado pela Defesa Civil do Estado, divulgado às 9h desta sexta-feira, relata 31 óbitos e 235 municípios afetados pelas fortes chuvas. No total, mais de 351 mil pessoas foram impactadas pelo temporal e há 17.087 desalojados. Além disso, o Rio Grande do Sul registra 56 feridos, 74 desaparecidos e 7.165 pessoas em abrigos.
O governo do Estado informou que monitora, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema (ONS), a situação das barragens no Rio Grande do Sul.
Dados parciais divulgados na manhã desta sexta apontam que ao menos quatro estruturas estão em situação de emergência, apresentando risco de rompimento e já com ações de resposta em andamento.
O governador ressaltou a magnitude da catástrofe natural que vem afetando o Estado desde a madrugada de segunda-feira, 29. Segundo Leite, considerando as previsões de chuva intensa dos próximos dias, o evento meteorológico em curso será, possivelmente, a maior tragédia ambiental da história do Rio Grande do Sul.
Levantamentos hidrológicos apontam que os rios Caí, Taquari e Jacuí estão enfrentando as maiores cheias já registradas, com previsão de aumento dos respectivos níveis nas próximas horas. A instabilidade climática persiste no Estado e, até sábado deve avançar para as regiões da Serra e do Litoral Norte.
“Quero dizer à população que, como ser humano, eu estou devastado por dentro, como cada um dos gaúchos está. Mas, como governador, estou aqui firme e garanto que não vamos titubear. Estamos fazendo tudo com foco, atenção, disciplina e indignação, para que tudo que esteja ao nosso alcance seja feito, para colocar todas as estruturas em campo e garantir que todas as pessoas que estão suplicando por resgate sejam salvas”, lamentou Leite.