Alpinistas são acusados de negar socorro a colega ferido na 2ª montanha mais alta do mundo

Imagens mostram 50 pessoas ultrapassando Muhammad Hassan, que ainda estaria vivo, para chegar ao cume do K2

11 ago 2023 - 17h12
(atualizado às 17h32)
Muhammad Hassan, de 27 anos, morreu após sofrer uma grave queda enquanto escalava o K2
Muhammad Hassan, de 27 anos, morreu após sofrer uma grave queda enquanto escalava o K2
Foto: Reprodução/Montagem

A morte do alpinista paquistanês Muhammad Hassan, de 27 anos, ainda é motivo de controvérsias para as autoridades. O atleta morreu após sofrer uma grave queda enquanto escalava o segundo pico mais perigoso do mundo, a montanha K2, localizada na fronteira entre o Paquistão e a China, em 27 de julho.

Segundo imagens que passaram a circular nas redes sociais, cerca de 50 alpinistas ultrapassaram o corpo de Hassan para seguir rumo ao cume da montanha. A aparente indiferença à situação de Hassan põe em dúvida se todos os esforços foram feitos para resgatar o homem, que tinha três filhos.

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O vídeo foi gravado pelo alpinista austríaco Philip Flaemig, que estava em outra parte da montanha e fazia imagens de drone do cume. Depois de voltar ao acampamento de base, ele descobriu que filmou ao menos 50 escaladores passando sobre Hassan, para seguirem rumo ao cume, enquanto o paquistanês ainda estava vivo. 

"Hassan era tratado por uma pessoa enquanto todos os outros estão avançando em direção ao cume. O fato é que não houve uma operação de resgate organizada, embora houvesse sherpas e guias de montanha no local que poderiam ter agido. Se ele fosse ocidental, teria sido resgatado imediatamente", acrescentou Wilhelm Steind, parceiro de escalada de Flaemig.

Wilhelm Steind e Philip Flaeming criaram uma vaquinha virtual para a ajudar a família de Hassan. Até o momento já foram arrecados 106 mil euros (cerca de R$ 569 mil). 

O K2 é considerado um dos picos mais difíceis do montanhismo, além de ser considerado a mais mortal das cinco montanhas mais altas do mundo. Um dos motivos é a topografia do local, que possui menos pontos achatados, e a propensão a mais avalanches e quedas de rochas.    

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O que se sabe sobre morte de alpinista

  • - Muhammad Hassan, de 27 anos, era casado e tinha três filhos. O homem paquistanês morreu após um grave acidente na escalada até o cume da montanha K2, de 8,6 mil metros de altura.
  • - A viúva de Hassan relatou que o marido tinha pouca experiência em escaladas de altitude superior a 5,1 mil metros. O companheiro, no entanto, precisava de dinheiro para pagar o tratamento médico de sua mãe doente e aceitou o trabalho como carregador para auxiliar na escalada de mais de 8 mil metros. 
  • - Hassan era funcionário da equipe Lela Peak Expedition, e, como carregador, era responsável por transportar equipamentos, barracas, alimentos e ajudar preparação da rota, fixando as cordas que seriam usadas pelos demais alpinistas. 
  • - O alpinista não possuía roupas adequadas para a escalada, tampouco máscara de oxigênio, fundamental para altas altitudes. 
  • - A principal hipótese para o acidente é que Hassan caiu e ficou pendurado de cabeça para baixo por mais de uma hora. Eventualmente conseguiram puxá-lo de volta, mas ele já estaria machucado e num local estreito, de difícil acesso. 

O que diz a alpinista que ajudou Hassan

A alpinista norueguesa Kristin Harila escalava o K2 com outra equipe. Mas foi o seu grupo que tentou resgatar Hassan. Ela insiste que eles fizeram todo o possível para salvar o homem, mas as condições eram muito perigosas para movê-lo.

"Simplesmente não é verdade dizer que não fizemos nada para ajudá-lo. Tentamos levantá-lo de volta por uma hora e meia, meu cinegrafista ficou por mais uma hora para cuidar dele. Em nenhum momento ele foi deixado sozinho", relatou ao Telegraph

Segundo ela, é difícil entender como Hassan poderia ter sido salvo.

"Ele caiu no que é provavelmente a parte mais perigosa da montanha, onde as chances de levar alguém eram pela trilha estreita e, pelas más condições de neve, limitada", concluiu.

Nas redes sociais, Kristin foi criticada por não ter interrompido a sua escalada ao cume enquanto Hassan estava machucado, mas ainda vivo. Dezenas de comentários afirmam que ela deveria ter interrompido a escalada ao cume e tentando oferecer algum tipo de resgate para Hassan. 

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Investigação

O governo da província de Gilgit-Baltistan, no Paquistão, criou comissão para investigar o acidente om Muhammad Hassan. O objetivo é esclarecer exatamente como foi o acidente e identificar se, de fato, todos os esforços foram feitos para salvar a sua vida.

Além disso, a comissão avalia se Hassan tinha habilidade para o trabalho o qual foi contratado e se foram oferecidos equipamentos adequados para que ele desempenhasse a sua função. 

* Com informações do ExplorersWeb, The Guardian e Daily Telegraph. 

Fonte: Redação Terra
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