O presidente Jair Bolsonaro mudou o tom sobre os recentes incêndios na Floresta Amazônica em uma live nesta quinta-feira, afirmando que as queimadas são prejudiciais a todos e sobre o possível envolvimento de fazendeiros. Depois de levantar suspeitas contra ONGs, Bolsonaro deu mais ênfase à possibilidade de envolvimento de fazendeiros nos incêndios, que disse terem "viés criminoso".
"Ajudem-nos a combater isso daí, tá certo? Você que é da região, você que é fazendeiro, há suspeita que tem produtor rural que tá, agora, aproveitando e tacando fogo geral aí. Porque as consequências vêm para todo mundo", disse o presidente. "Que vocês querem ampliar a área de produção, tudo bem. Agora, não é dessa forma que a gente vai conseguir atingir o nosso objetivo", acrescentou.
Apesar da ênfase maior na possibilidade de envolvimento de fazendeiros nos incêndios, Bolsonaro voltou a citar as ONGs e incluiu até índios entre os suspeitos. "Aqui tem o viés criminoso? Tem, sei que tem. Quem que pratica isso? Não sei. Os próprios fazendeiros, ONGs, seja lá o que for, índios, seja lá o que for."
Depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, classificar nesta quinta-feira os incêndios na região como uma emergência internacional e pedir que a situação seja discutida em cúpula do G7, Bolsonaro mostrou preocupação com possíveis retaliações e disse que é preciso equilibrar a narrativa sobre o tema. "Se o mundo resolver nos retaliar e a economia nossa bagunçar, todos vocês, repórteres, todo mundo, vai sofrer as consequências", disse.
"Nós temos que ter informações. Nós temos que nos preocupar em buscar equilibrar essa narrativa de notícias sobre essa região tão rica em tudo, em minérios, em biodiversidade, em água potável, em riquezas energéticas", acrescentou.
Para o presidente, "é nisso que o mundo tá de olho" e os países que enviam recursos para preservar a floresta o fazem para atingir a soberania do Brasil. "Esses países que mandam dinheiro pra cá, não mandam por caridade. Espero que dê pra entender isso daí. Mandam pra cá com interesses de buscar atingir nossa soberania."
Por outro lado, o presidente admitiu que existe uma grave falta de recursos neste momento, a ponto de o governo não ter "condições mais de pensar em botar alguns aviões nossos na região amazônica para combater o fogo".