Como uma árvore jovem sobrevive à estação seca?

Especialista aponta que plantas jovens são as mais vulneráveis em períodos de estiagem

21 set 2024 - 05h01
A seca histórica que atinge o Brasil está causando problemas em diversas partes do país. Setembro - último mês do inverno - começou com uma onda de calor forte que, além de elevar as temperaturas, reduziu bastante a umidade.
A seca histórica que atinge o Brasil está causando problemas em diversas partes do país. Setembro - último mês do inverno - começou com uma onda de calor forte que, além de elevar as temperaturas, reduziu bastante a umidade.
Foto: Marcello Casal jr/ABr / Flipar

As árvores jovens enfrentam desafios cada vez maiores durante a estação seca, especialmente nas regiões mais atingidas pela escassez de água. Everaldo Pastore, paisagista e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), alerta que a seca atual atingiu níveis críticos, com impactos profundos, sobretudo, nas plantas mais novas, que são as mais vulneráveis a esse cenário extremo.

"Eu nunca vi uma seca igual à que estamos vivendo agora. Chegamos a uma situação muito grave, que vai resultar em alterações profundas no bioma", afirma o botânico, destacando a gravidade do cenário.

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As árvores jovens, especialmente as que ainda não desenvolveram um sistema radicular profundo, estão entre as mais vulneráveis.

"Se uma árvore jovem não alcançar uma profundidade mínima de raízes, ela vai morrer", alerta Pastore.

Ele explica que a sobrevivência dessas árvores depende de diversos fatores regionais, como o lençol freático e a composição do solo. Em áreas onde o lençol freático é mais profundo ou o solo é mais arenoso, por exemplo, vai ser mais difícil reter água.

Pastore ressalta que árvores mais velhas têm maior chance de sobreviver à seca, graças às suas raízes mais profundas. "Essas árvores já estão enraizadas e podem buscar água em profundidades maiores, o que aumenta suas chances de sobreviver", comenta o botânico.

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Apesar da 'habilidade', mesmo as árvores mais velhas estão sentindo os efeitos dessa seca prolongada. A combinação de alta temperatura e ar seco torna o ambiente ainda mais hostil, dificultando a regeneração das árvores e dos demais elementos dos biomas. As queimadas ampliam o desafio.

"Estamos combinando uma seca muito forte com queimadas em uma extensão muito grande, o que causa uma perda severa de água na atmosfera", destaca Pastore. "Por exemplo, o calor em Goiânia está um absurdo, o ar que entra no carro chega a machucar a pele de tão quente".

Plantio em tempos de seca

O paisagista Fábio Camargo compartilha uma visão similar quanto à necessidade de cuidados específicos para árvores recém-plantadas.

"Quando plantamos uma árvore jovem, o ideal é que ela tenha entre um metro e um metro e oitenta de altura, para garantir que já esteja enraizada e estruturada. Isso diminui a possibilidade de morte", afirma Camargo.

Ele também destaca a importância de um solo bem preparado, com cova larga e rica em matéria orgânica. O hidrogel pode contribuir com a sobrevivência das plantas, já que retém água e funciona como reserva de umidade.

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Camargo sugere também que, em períodos de estiagem, o plantio seja realizado no início da primavera, quando as chuvas começam a voltar.

"O ideal, se há dificuldades para regar, é atrasar o plantio até o início da primavera, quando as chuvas começam. Assim, a árvore enraíza com mais facilidade", explica.

Fonte: Redação Terra
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