O projeto 'Restaura Litoral' do Instituto Conservação Costeira (ICC) busca reflorestar áreas afetadas por fortes temporais em São Paulo, usando drones para lançar sementes em áreas prioritárias. A iniciativa surgiu devido a tragédia humana e ambiental do desastre climático ocorrido na região da Costa Sul de São Sebastião, SP.
No intuito de gerar um novo recomeço para o litoral norte de São Paulo, uma iniciativa busca reflorestar as áreas que foram afetadas após os fortes temporais de fevereiro de 2023. De acordo com o Instituto Conservação Costeira (ICC), ONG responsável pelo Projeto Restaura Litoral, está com o objetivo de restaurar mais de 800 deslizamentos usando drones.
Após quase um ano de preparação, o projeto começou a ser colocado em prática no fim de janeiro deste ano. Com a ajuda dos drones, as sementes serão lançadas em áreas prioritárias e com grau elevado de declínio.
“E prossegue em operação tendo voos agendados rotineiramente, levando sempre em consideração as condições climáticas”, explica a ICC através de seu site.
A iniciativa nasceu após os desastres climáticos que atingiram a região da Costa Sul de São Sebastião, São Paulo, que matou mais de 60 pessoas. “Foi uma tragédia humana e ambiental. Tivemos dimensão do estrago seis meses depois e, agora, a esperança se renova com essas sementes”, disse Fernanda Carbonelli, diretora-executiva do ICC, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo quando o projeto foi colocado em prática.
Ao jornal, ela relatou que o projeto, feito em parceria com a Fundação Florestal de São Paulo, abriu chamamento público em março. A partir daí, se uniram a causa a Atlântica Consultoria Ambiental e a Ambipar Group.
Durante o restante daquele ano, foram testados a combinação de drones elétricos, inteligência artificial e cápsulas biodegradáveis para conseguir alcançar áreas de difícil acesso ou com alta declividade nas regiões de Baleia, Barra do Sahy, Boiçucanga, Juquehy, Jureia, Toque-Toque e ilhas.
Para dar certo, o plantio é acompanhado por um software de inteligência artificial que mapeia as altitudes do terreno, mede a temperatura do solo e estabelece um plano de voo com os pontos exatos de semeadura.
Já as biocápsulas foram desenvolvidas com sobras de colágeno de indústrias farmacêuticas. Em laboratório, ela recebe um mix de sementes de árvores e adubo orgânico. Além de receber um invólucro, para proteção contra insetos e, ao entrar em contato com a água, se dissolve.
De acordo com Gabriel Estevam, diretor de inovações da Ambipar, em apenas um voo, um drone consegue semear 20 mil sementes por hectare. “Sempre há perdas, natureza é isso. Mas plantamos perto da janela de chuva e acredito que, em quatro ou cinco meses, já vamos ter uma cobertura vegetal.
Estão sendo plantadas espécies “pioneiras”, plantas arbustivas que conseguem se desenvolver em áreas adversas, como araticum, guapuruvu, embaúba, pau-viola e babosa-branca, espécies da mata atlântica indicadas pela Fundação Florestal de São Paulo.
“Nossos drones já iniciaram as semeaduras, agora é acompanhar e juntarmos forças na preservação do nosso litoral”, informa a ICC, que convida ao público para acompanhar o progresso do projeto pelas redes sociais do Instituto.