Desastres climáticos são o novo normal, mas o poder público no Brasil em geral ignora os alertas dos meteorologistas. Esta tragédia no Rio Grande do Sul já estava prevista há meses.
Era consenso entre os meteorologistas que em 2023 teríamos o retorno do fenômeno climático El Niño, com grande probabilidade de chuvas fortes no sul do Brasil. Pouco foi feito para preparar os gaúchos para o que vinha.
E não é que não tivesse acontecido coisa parecida antes. Este ano mesmo, em junho, um ciclone deixou 16 mortos no Rio Grande do Sul. Não faltaram alertas das empresas especializadas em previsão meteorológica. Inclusive cinco dias antes deste último ciclone, a Metsul Meteorologia fez um alerta de que setembro começaria com inundações na região, segundo reportagem da revista Exame.
Essa é a tradição no Brasil, colocar a culpa nos caprichos da Natureza. O fato é que o homem modificou o meio-ambiente e agora o poder público precisa investir mais para nos proteger.
Cabe aos governos realizar ações preventivas e trabalhar na mitigação dos efeitos do aquecimento global. Os eventos climáticos extremos serão cada vez mais comuns, enquanto a humanidade não se livrar dos combustíveis fósseis.
Antes disso há muito o que dá pra fazer. Talvez a mudança necessária só venha quando nossos governantes começarem a responder pessoalmente na Justiça por suas ações e omissões.
(*) André Forastieri é jornalista, sócio da consultoria Compasso e fundador de Homework. Conheça melhor seu trabalho em andreforastieri.com.br.