Brasil tem um assassinato de ativista por semana, diz ONU

8 jun 2017 - 09h38
(atualizado às 09h56)
Para o grupo de especialistas, o Brasil "está considerando debilitar" a proteção institucional e jurídica para os povos indígenas, quando o que deveria fazer é reforçá-la.
Para o grupo de especialistas, o Brasil "está considerando debilitar" a proteção institucional e jurídica para os povos indígenas, quando o que deveria fazer é reforçá-la.
Foto: Agência Brasil

Especialistas da ONU e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciaram a violência contra os defensores do meio ambiente no Brasil, com a média de um assassinato por semana nos últimos 15 anos.

"O Brasil viu o maior número de assassinatos de defensores do meio ambiente e da terra que qualquer país do mundo", disseram os relatores da ONU sobre os povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz; sobre os defensores de direitos humanos, Michel Forst; e sobre o ambiente, John Knox.

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Também falou sobre esta situação o relator da CIDH sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Francisco Eguiguren Praeli.

Para o grupo de especialistas, o Brasil "está considerando debilitar" a proteção institucional e jurídica para os povos indígenas, quando o que deveria fazer é reforçá-la.

Entre os casos mais preocupantes, mencionaram um recente relatório aprovado por uma comissão do Congresso que pede que a Fundação Nacional do Índio (Funai) - entidade que apoia os povos indígenas na proteção dos seus direitos - seja privada da responsabilidade legal de titulação e demarcação de terras indígenas.

"Estamos particularmente preocupados quanto aos procedimentos de demarcação futuros, bem como sobre as terras indígenas que já foram demarcadas", ressaltaram.

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Os especialistas também disseram que são alarmantes as denúncias contra antropólogos, líderes indígenas e defensores de direitos humanos que trabalham a favor dos indígenas.

Outro elemento do relatório parlamentar que questionaram corresponde à recomendação ao governo para se retirar do Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), relativo a povos indígenas e tribais.

A comissão parlamentar afirmava para os seus fins que esse convênio "manipula o reconhecimento de povos indígenas inexistentes com o fim de expandir as terras indígenas no Brasil".

Victoria Tauli-Corpuz disse que, após uma missão oficial que efetuou no Brasil em 2016, algumas das comunidades que visitou sofreram ataques.

Outro ato legislativo que preocupa os relatores tem a ver com iniciativas tornadas públicas esta semana e que debilitariam a proteção ambiental.

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Isso se daria através da eliminação de licenças ambientais para projetos de agroindústria e pecuária, independentemente do seu tamanho, situação, necessidade ou impacto em terras indígenas ou no meio ambiente, explicaram.

Os especialistas advertiram que as leis propostas estão em desacordo com a Declaração Americana sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

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