A destruição de floresta para pastagem foi a principal causa de desmatamento na Amazônia entre 1985 e 2023, com um índice de "mais de 90%", de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (3) pelo MapBiomas, com base em imagens de satélites.
Segundo o levantamento, a área de pastagem na maior floresta tropical do planeta cresceu 363% ao longo dos últimos 39 anos, passando de 12,7 milhões de hectares para 59 milhões. Isso significa que, em 2023, pelo menos 14% do território da Amazônia era utilizado como pasto para gado.
Além disso, o bioma perdeu 55,3 milhões de hectares de vegetação nativa no período analisado, o que corresponde a 14% do total. "A quantidade de vegetação nativa removida nos últimos 39 anos é alarmante, e a continuidade dessa perda pode levar a região ao chamado 'ponto de não retorno'", alertou Jailson Soares, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e do MapBiomas.
O relatório cita o exemplo da região conhecida como Amacro (divisa entre Acre, Amazonas e Rondônia), onde a área de pastagem aumentou 11 vezes em 39 anos e hoje corresponde a 6,9 milhões dos 7 milhões de hectares de vegetação nativa perdidos na localidade entre 1985 e 2023.
Os três estados com maior expansão de pastagem (considerando apenas os territórios situados dentro da Amazônia) são Tocantins (de 33% para 74%), Maranhão (de 14% para 48%) e Rondônia (de 6% para 39%).
Ainda de acordo com o MapBiomas, a agropecua?ria na Amazo?nia cresceu 417% em 39 anos. No caso específico da agricultura, o aumento foi de 4.647%, passando de 154 mil para 7,3 milhões de hectares.
A quase totalidade (97%) da área agrícola mapeada na Amazônia corresponde a lavouras temporárias, com predomínio da soja, que representa 80,5% do total.