Por que as baratas aparecem mais no calor? Veja mitos e verdades sobre esse temido inseto

Clima e ambiente podem influenciar a presença do bicho, que tem mais de 4 mil espécies

7 dez 2023 - 05h00
(atualizado às 16h42)
Clima e ambiente podem influenciar a presença desse bichinho que tem mais de 4 mil espécies.
Clima e ambiente podem influenciar a presença desse bichinho que tem mais de 4 mil espécies.
Foto: Reprodução/Getty Images

Sem dúvidas, este inseto não é o favorito de muita gente. Apesar de pequenas, as baratas podem ser um grande incômodo para algumas pessoas, porém, convenhamos que alguns “mitos” acabaram aumentando a lenda por trás desse bicho, aparentemente, indestrutível.

Ao longo da vida, vamos ouvindo de tudo. Sem fazer muito esforço, nos lembramos de alguns “mitos” como “as baratas conseguem andar por aí sem a cabeça”, “se jogarem uma bomba nuclear, só elas vão sobreviver”, “se tem barata é porque não é limpo”, e por aí vai. 

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A verdade é que nem tudo pode ser verdade. Com o objetivo de explicar alguns, e na esperança de esclarecer outros, o Terra conversou com Lucas Neves Perillo, biólogo especialista em entomologia, ciência que estuda os insetos.

Parente dos cupins

Lucas nos explica que as baratas pertencem a um grupo dentro dos artrópodes. Nesse grupo, há uma classe chamada Insecta, que é onde estão todos os insetos e lá há várias ordens. Entre elas, existe a Blattaria, que é onde ficam todas as baratas e também todos os cupins. 

“É tudo a mesma coisa?”

A resposta é não. De acordo com o biólogo, há mais de 4 mil espécies descritas na natureza. “No Brasil, só de espécie nativa são mais de 640 espécies de baratas. Algumas delas curtem muito viver junto dos humanos e outras não. Só conseguem viver na natureza e em ambientes preservados. E quando tem alterações, causadas pelo homem, elas não sobrevivem e deixam de existir”, explicou.

Ainda segundo ele, a mais comum do Brasil, é a ‘barata americana’. Aquela grandona vermelha, comuns em centros urbanos, e que todo mundo já viu uma vez na vida. “Embora ela tenha o nome ‘americano’, ela tem origem da África e do Oriente Médio”, conta. 

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“Essa espécie se dá muito bem com o humano. Então, nas antigas viagens de navios, elas iam junto e foram invadindo mesmo e colonizando outros lugares. E no Brasil não foi diferente”, diz. 

Podem viver pra sempre

Outro mito. A verdade é que varia muito de espécie para espécie, mas nenhuma pode viver para sempre, explica Perillo. 

“Algumas que vivem menos de um ano. Mas a barata americana, que é mais comum, pode viver até quatro anos dependendo do ambiente em que ela está, o tanto de comida e água que elas têm”, afirma. “Vivem bastante em relação a grande parte dos insetos”. 

Só elas vão sobrar? Elas são resistentes a ataques nucleares?

Mito. Segundo o especialista, essa “lenda” de que elas podem sobreviver a qualquer condição é uma falácia. “Ela é um inseto e os insetos são mais resistentes a impactos radioativos ou qualquer outra influência que poderiam gerar muito mais impacto em nós, porém, até os insetos terão seus dias contados se não mudarmos o futuro”, acrescenta, citando como as mudanças climáticas podem afetar habitats, levando a extinção de espécies, inclusive a nossa.

Barata americana, espécie mais comum nos centros urbanos.
Foto: Reprodução/Getty Images

As voadoras são diferentes das normais? Parecem até mais espertas

A resposta é depende. A maioria das baratas possuem asas e, assim como o Lucas informou, há muitas espécies. É possível que você tenha encontrado uma mais espertinha que pertencia a alguma variação. 

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“O que vemos em casa é de um grupo de insetos que a metamorfose está incompleta. Elas vão do ovo para a larva e da larva para o adulto. Entre esses estágios, há um que chamamos de ninfa. Elas se parecem muito com o adulto, mas não desempenham tantas funções e algumas ainda não têm asa funcional”, explica.

“Por serem muito novinhas, não conseguem voar direito e, quando as vemos em casa, são mais fáceis de dar chineladas. Então é por causa disto. As adultas abrem as asas grandonas e conseguem voar com facilidade”. 

É verdade que elas aparecem mais no calor?

A resposta é sim. “É super verdade. Grande parte dos insetos tem esse padrão porque eles não têm sangue quente, é o que chamamos de ‘endotérmico’. Então, eles precisam do calor do ambiente para desempenhar suas funções”, explica.

Ainda de acordo com o especialista, em países tropicais, em especial no verão, as baratas aparecem bastante. Em países mais frios, elas ficam reservadas às casas. “Tem mais probabilidade de deixar filhotes, mais chance de encontrar outras comidas, as coisas se decompõem mais rápido. Para a dieta das baratas, em particular, isso também é importante”. 

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Come de tudo

Verdade, inclusive essa característica é bastante importante para a natureza. “São bichos muito importantes para a reciclagem e decomposição de matéria orgânica. Claro, quando abrimos uma caixa de gordura, lá estão elas, mas elas estão ali se alimentando de impurezas. Quando pensamos isso em ambientes naturais, vemos o quanto elas são importantes nesta parte”, ressalta o biólogo. 

Por este motivo, elas são bastante importantes no ambiente acadêmico, pois podem fazer a diferença em uma pesquisa. 

Só vivem no esgoto

Não, mais um mito. “São poucas as baratas que têm esse potencial de serem pragas urbanas. Grande parte das baratas são super sensíveis, só vivem em ambientes naturais. Precisam de muita sombra. Devido aos ambientes modificados pelo ser humano, elas não conseguem sobreviver”, explica. 

Melhor forma de eliminá-las

Para quem tem medo ou pavor desses bichos, o biólogo orienta que a melhor forma de eliminá-las é não facilitando a vida dela. “Não deixe os alimentos disponíveis para ela, pois ela tem um cardápio bastante amplo. O bicho come papelão, cola, gordura, sangue, resto de alimentos”, explica. 

“Deixe o ambiente limpo. Quanto mais equilibrado está o ambiente, menor a chance de ter uma explosão de pragas, e isto vale para qualquer inseto”, ressalta. “É sempre bom controlar as baratas da sua casa. Um predador que adora baratas é o escorpião, então onde há baratas, há uma maior probabilidade de eles aparecerem também”, alerta.

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Fonte: Redação Terra
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