Os biomas do País estão em chamas, e prova disso são os 31 inquéritos abertos pela Polícia Federal, a pedido do Ibama, para investigar as queimadas na Amazônia e no Pantanal. Neste último bioma, em particular, o total de vegetação já perdida entre 1º de janeiro e 11 de agosto varia entre 1 milhão e 1,5 milhão de hectares. A área representa de 6,99% a 9,98% do bioma.
Além das perdas na flora, animais símbolos do Pantanal têm sucumbindo às queimadas. A onça-pintada Gaia é uma delas.
A felina, monitorada desde maio de 2013 pela Organização Não-Governamental Onçafari, morreu nas queimadas que consomem o Pantanal. O anúncio da morte de Gaia foi feito em 9 de agosto pela ONG.
"É com grande tristeza que nos despedimos de Gaia, uma das onças monitoradas pelo Onçafari, conhecida pela equipe desde o nascimento. Infelizmente, o fogo interrompeu essa linda jornada e é impossível não sentir profundamente a sua perda", diz a publicação da organização em seu perfil no Instagram. "Gaia não teve tempo de se salvar do fogo. Infelizmente, veio com muita intensidade, absolutamente cruel".
Qual a história da onça Gaia
Gaia tinha 60 kg, era monitorada desde maio de 2013 e gerou quatro filhotes. A felina foi uma das trigêmeas de Esperança, onça-pintada que também é especial para o Pantanal.
Veja algumas informações sobre Gaia:
- Monitorada desde maio de 2013, com nascimento estimado par ao mesmo período;
- Foi mãe e avó;
- Gostava de ficar no topo das árvores;
- Sempre se mostrou habituada aos veículos desde muito pequena; nem mesmo quando pariu sua primeira cria e começou a caminhar com ela, Gaia mostrou qualquer insegurança diante dos veículos da ONG que a monitorava.
Seus relacionamentos incluíam:
- Esperança (mãe);
- Savana (irmã);
- Ypy (irmão);
- Pandhora (irmã);
- Suricata (irmã);
- Natureza (irmã);
- Leen (filha);
- Filhote Angelim (2019);
- Ipê (sobrinho);
- Piúva (sobrinha);
- Brutus;
- Isa;
- Fera;
- Joker;
- Tyto;
- Monteiro;
- Ardido.
Queimadas no Pantanal
As queimadas que atingem o Pantanal já degradaram quase 10% do bioma entre 1º de janeiro e 11 de agosto. Dentre as áreas atingidas estão unidades de conservação e territórios indígenas.
Ainda não há dados concretos de perdas de animais silvestres nesse período, mas, segundo a Onçafari, o número de animais resgatados é "infinitamente menor" do que o número daqueles que sucumbem às chamas.
Ainda segundo a ONG, que cita dados do Ministério do Meio Ambiente, em três meses de intensas queimadas no Pantanal, membros da força-tarefa criada pelo Governo Federal conseguiram resgatar 564 animais silvestres.