Tinder marinho: projeto promove 'dates' para aumentar população de conchas-rainha

População da espécie foi reduzida em cinco anos, passando de 700 mil para 126 mil indivíduos nos Estados Unidos

18 out 2024 - 05h01
Concha-rainha corre risco de extinção
Concha-rainha corre risco de extinção
Foto: Jennifer Doerr/Noaa SEFSC Galveston

A Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida (FWC, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, está promovendo 'dates' para proteger as conchas-rainhas da ameaça de extinção. O 'Tinder' marinho nasceu quando foi percebido que a população desse caramujo marinho caiu de 700 mil, em 2017, para 126 mil, em 2022, devido ao aumento das temperaturas do mar.

Para isso, pesquisadores estão removendo a espécie de seu habitat costeiro natural e realocando para águas mais profundas e frias, onde há uma infinidade de novos parceiros. No ano passado, a temperatura da superfície de Florida Keys chegou a 38,43ºC, o que se acredita ser um recorde global.

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"Estamos lidando com águas muito rasas, muito frias no inverno. Na primavera e no verão fica muito quente. Os animais desligam. Em vez de reprodução, eles desviam sua energia para a sobrevivência, e nunca desenvolvem seus órgãos reprodutivos muito bem", explicou ao The Guardian o cientista Gabriel Delgado, da FWC.

Segundo o jornal, os pesquisadores 'casamenteiros' acreditam que a mudança no ambiente estimula as conchas, que são em grande parte letárgicas e inférteis em águas rasas e excessivamente quentes, a se misturarem e acasalarem em ambientes mais adequados, com um novo grupo de prováveis parceiros.

"As conchas costeiras estão destinadas a uma vida de celibato, e estamos tentando consertar isso", explica Delgado, que supervisionou a realocação de mais de 200 espécies marcadas no verão, próximo da costa da Ilha de Marathon, uma cidade no meio do arquipélago de Florida Keys.

"É tipo, 'Ei, pessoal, vocês estão tendo problemas para conhecer outra concha. Bem, aqui vai mais um pouco para a festa, agora vocês podem se abrir um pouco mais um com o outro'", brincou. 

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Projeto promove encontros da espécie em águas mais frias
Foto: Sopa Images Limited/Alamy

Entre os fatores que colocaram esse caramujo marinho na lista do Governo dos EUA como espécie ameaçada está os Irma, em 2017, e Ian, em 2022, que mataram várias espécies, além da caça ilegal. Desde a década de 1970 é proibida a caça de conchas-rainha, mas, apesar disso, o animal é uma iguaria muito popular por lá. 

A ideia surgiu com experimentos semelhantes, em menor escala, nos quais conchas costeiras foram movidas para agregações de reprodução offshore e rapidamente conseguiram acasalar e botar ovos.

"Infelizmente não fizemos um acompanhamento no ano seguinte para ver se eles eram indistinguíveis da concha nativa da costa", admitiu. 

Ajuda de todos

Para conseguir encontrar as conchas-rainha, foi pedido que a comunidade local observasse e avisasse o projeto. Com os e-mails recebidos, os voluntários conseguiram reunir 208 desses caramujos marinhos, que em julho foram levados para um local mais apropriado para o 'namoro'. 

Um mês depois, em agosto, a equipe fez a primeira de pelo menos 12 verificações mensais nas conchas realocadas, e ficaram surpresas ao ver que todas ainda estavam lá.

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"Até agora, as coisas estão indo como esperado, dado o curto período de tempo. [Em visitas futuras] estamos registrando quem está acasalando, quem está botando ovos", aponta Delgado. "É uma solução criativa usando uma parceria de cidadãos voluntários e cientistas para ajudar uma espécie protegida da Flórida a encontrar sua companheira de concha".

Fonte: Redação Terra
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