'África pode ser uma superpotência de energia renovável', afirma secretário-geral da ONU

António Guterres discursou na Cúpula Africana do Clima, na capital do Quênia Texto: Solon Neto | Imagem: Simon Maia/AFP

5 set 2023 - 22h41
(atualizado em 6/9/2023 às 10h09)
O presidente da União Africana, Moussa Faki Mahamata (à esquerda), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres (centro), e o presidente do Congo, Denis Sassou Nguesso (à direita), durante a Cúpula Africana do Clima, em Nairóbi, Quênia, 5 de setembro de 2023 (Foto: Simon Maia/AFP)
O presidente da União Africana, Moussa Faki Mahamata (à esquerda), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres (centro), e o presidente do Congo, Denis Sassou Nguesso (à direita), durante a Cúpula Africana do Clima, em Nairóbi, Quênia, 5 de setembro de 2023 (Foto: Simon Maia/AFP)
Foto: Alma Preta

Nesta terça-feira (5), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu que o mundo apoie a busca de países da África pelo desenvolvimento sustentável. "Agora é a hora de reunir os países africanos junto aos países desenvolvidos, instituições financeiras e companhias de tecnologia para criar uma verdadeira aliança africana de energia renovável", disse Guterres em seu discurso.

A declaração ocorreu durante discurso na 1ª Cúpula Africana do Clima, em Nairóbi, capital do Quênia. O evento de três dias teve início na segunda-feira (4) e é organizado pelo governo queniano em parceria com a União Africana (UA). O encontro ocorre de forma paralela à Semana Africana do Clima (ACW), evento anual da ONU, e tem sido apontado como histórico na defesa dos interesses africanos no contexto da crise climática.

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Nesse contexto, o secretário-geral da ONU lembrou que a África é rica em minerais fundamentais para fontes de energia de renováveis, como a energia solar e os veículos elétricos. Guterres ressaltou que os países africanos devem se beneficiar para além da extração desses minerais na cadeia produtiva.

"Claro, não podemos repetir os erros do passado. Para beneficiar verdadeiramente a todos os africanos, a produção e o comércio desses importantes minerais devem ser sustentáveis, transparentes e justos ao longo de toda a cadeia de abastecimento, com o máximo de valor agregado produzido dentro dos países africanos", disse.

Em sua fala, Guterres defendeu ainda a necessidade de reformas que ampliem a participação da África no contexto político internacional, tendo em vista a crescente importância do continente e as injustiças do passado em relação aos países africanos.

"As estruturas globais de governança refletem o mundo como ele foi, não como ele é. Nós vemos essa injustiça acontecendo hoje no contexto africano. De Nairóbi, renovo meu apelo para que as instituições globais se posicionem, garantam a representação africana e respondam às necessidades e ao potencial da África", disse o secretário-geral.

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Além de Guterres, discursaram nesta terça-feira (5) lideranças como o presidente da COP28, Sultan Al Jada, a presidente da Comissão da União Europeia (UE), Ursula von Der Leyen, o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, e o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina. Diversos chefes de Estado e de governo africanos também falaram durante as atividades de hoje no encontro.

Cúpula busca unir discurso africano e pede financiamento da ação climática

Antecipando discussões que devem vir à tona na COP28, a 1ª Cúpula Africana do Clima reúne dezenas de chefes de Estado africanos no Quênia para formular uma posição conjunta da África sobre a emergência climática. A expectativa é de que ao final do encontro isso seja materializado por meio da assinatura da Declaração de Nairóbi sobre Crescimento Verde e Soluções de Financiamento Climático.

Em discurso na segunda-feira (4), o presidente queniano, William Samoei Ruto, defendeu que os países africanos adotem uma agenda conjunta de desenvolvimento baseada em investimentos relacionados à ação climática. Segundo ele, essa é uma "fonte de oportunidades econômicas multibilionária que a África e o mundo estão preparados para capitalizar".

Dados publicados recentemente pela ONU apontam que o continente africano é atingido de forma desproporcional pela emergência climática. Segundo o relatório Estado do Clima na África 2022, produzido pela ONU e pela União Africana (UA), apesar de contribuir com algo entre apenas 2% e 3% das emissões globais de dióxido de carbono, a vulnerabilidade social do continente amplia o impacto das mudanças climáticas sobre a população local.

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