A América do Sul está ficando mais quente, seca e inflamável. A informação faz parte de um estudo divulgado nesta quinta-feira, 26, pela revista científica internacional “Communications earth & environment". Segundo os pesquisadores, devido às mudanças climáticas, algumas áreas do continente, em especial no Pantanal e na Amazônia brasileira, vão vivenciar múltiplos extremos climáticos.
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De acordo com o estudo inédito feito pelo pesquisador e professor da Universidade de Groningen, na Holanda, Raul Cordero, embora seja um movimento global, o aumento das temperaturas tem sido mais pronunciado em algumas regiões, assim como o aumento paralelo de secas e o aumento do risco de incêndio.
Junto com um time de pesquisadores, Cordero analisou dados de temperatura, precipitação e ocorrência de incêndios dos últimos 40 anos da América do Sul para entender a progressão das condições climáticas e quais áreas vivenciaram mais esses eventos extremos. Os resultados desses cálculos apontaram que eles se tornaram mais frequentes em todo o continente.
Entre 1971 e 2000, o norte da Amazônia e na região do Lago Maracaibo, na Venezuela, tinham condições quentes, secas e inflamáveis por menos de 20 dias por ano. Porém, nas últimas décadas, esse número subiu para até 70 dias no mesmo período.
Já o Pantanal apresentou um dos maiores aumentos de dias secos em todo o continente. Também foi identificado a queda de precipitações anuais na região, apesar de ainda manter números altos de chuvas.
Nos últimos 40 anos, as condições de seca aumentaram mais de 50 dias por ano nessas regiões. No estudo, os pesquisadores destacam que a temperatura da superfície do Oceano Pacífico tropical tem moldado a variabilidade de compostos secos na América do Sul, enquanto, o El Niño aumenta o risco de incêndio no norte da Amazônia e o La Niña causa mais impactos aos extremos secos na região do Gran Chaco.