Chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul: onde deve piorar e onde deve melhorar nos próximos dias

Várias regiões gaúchas ainda têm pontos ilhados, estradas e pontes destruídos e moradores à espera de resgate; onda de frio é prevista a partir de quarta-feira

6 mai 2024 - 09h49
(atualizado às 11h20)
Chuva causou inundações em diferentes regiões, como em Lajeado (foto), no interior do Estado
Chuva causou inundações em diferentes regiões, como em Lajeado (foto), no interior do Estado
Foto: Jeff Botega/Agencia RBS via Reuters

Passada a pior fase das tempestades no Rio Grande do Sul, autoridades e meteorologistas mapeiam o avanço das chuvas e das enchentes ao longo dos próximos dias. As inundações atrapalham os resgates e o governo prevê uma nova onda de frio a partir de quarta-feira, 8, o que também deve afetar o socorro às vítimas da maior tragédia climática da história gaúcha.

"O pior já passou no Vale do Taquari, no centro do Estado e na Serra, onde os níveis dos rios estão baixando de forma continuada. A região mais crítica é Porto Alegre e a região metropolitana", conforme a avalição da MetSul.

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Segundo a empresa de meteorologia, o nível do Rio dos Sinos já começou a recuar no Vale do Sinos, mas segue excepcionalmente alto. A expectativa é de que o pico de vazão do Sinos estará neste começo de semana na parte final da bacia, entre Esteio e Canoas.

"O vale, entretanto, segue alagado com muitas áreas de inundação em cidades do eixo da BR-116 de Campo Bom até Canoas", na Grande Porto Alegre onde os níveis elevados de água obrigam moradores se abrigarem nos telhados das casas e a esperarem resgate de barco ou jet ski. Segundo a prefeitura do município, o terceiro mais populoso do Estado, 80 mil imóveis foram atingidas.

O maior desastre ambiental do Rio Grande do Sul deixou 83 mortes confirmadas e 111 desaparecidos, de acordo com a Defesa Civil Estadual.

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O governo federal reconheceu calamidade pública para 336 municípios (2/3 do total) do Rio Grande do Sul no domingo, 5. Várias regiões gaúchas ainda têm pontos ilhados, estradas e pontes destruídos e moradores à espera de resgate. Há centenas de milhares de moradores sem luz e água.

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Rio Guaíba

Em Porto Alegre, o Rio Guaíba atingiu no domingo, 5, a marca de 5,30 metros, mais de meio metro acima do recorde da cheia histórica de 1941 e 2,3 metros acima da cota de inundações. O alagamento tomou as ruas do centro histórico e a rodoviária, além de causar a suspensão da operação de quatro das seis estações de tratamento de água do Departamento Municipal de Água e Esgotos.

Mesmo com a trégua da chuva, o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) prevê "cheia duradoura, com estabilização dos níveis d'água elevados no Guaíba em torno de 5m a 5,50m durante mais de quatro dias"

O sistema de contenção de cheias, construído nos anos 1970, impede que a inundação tome outras regiões. "São cerca de 68 quilômetros. Há um muro, na parte mais central, que tem aproximadamente 2,6 quilômetros de extensão. Há também vias elevadas, autoestradas e avenidas, à beira do Guaíba", diz Fernando Mainardi Fan, do IPH.

"Como a água não entra, por causa do sistema de diques, a água também não sai. Por isso, há 23 casas de bombas espalhadas, que bombeiam a água de dentro pra fora", acrescenta o professor.

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"O vento norte sopra até quarta-feira, 8, dando vazão às águas para a Lagoa dos Patos. O ingresso de vento sul com ar mais frio deve ocorrer na quinta, 9, mas o vento sul não deve ser muito forte", projeta a MetSul.

A Lagoa dos Patos é a maior laguna da América do Sul, com 265 quilômetros de comprimento e superfície de 10 144 km². Lagunas são corpos de água salgada ou salobra separados do mar por estreitas formações rochosas ou bancos de areia.

Entre as maiores cidades próximas, estão Pelotas e Rio Grande.

A cheia do Rio Guaíba que inunda ruas de Porto Alegre ainda deverá levar dias para retornar a patamares seguros.

"Para onde vai a quantidade descomunal de água da Grande Porto Alegre. Cidades costeiras, como Pelotas e Rio Grande, terão inundações que devem ser severas", alerta a Metsul.

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Já no fim de semana, a Defesa Civil estadual e as autoridades locais têm alertado para a evacuação de áreas de risco. A prefeitura de Pelotas abriu mais dois novos abrigos para acolher moradores. Em Rio Grande, o poder municipal tirou usou até ônibus escolar para tirar moradores de áreas com ameaça de alagamento.

Onda de frio pode baixar a temperatura para 10º C

O Comando Militar do Sul informou que a previsão meteorológica é de uma janela de bom tempo na maior parte do Rio Grande do Sul até terça-feira, 7, o que é considerado "boa notícia". Deve haver, no entanto, chuvas nesta segunda-feira, 6, no extremo sul gaúcho .

O que preocupa o CMS, no entanto, é a previsão de queda de temperatura no Estado na quarta-feira, 8, com queda de temperaturas até 10ºC. A onda de frio pode agravar situações de hipotermia entre pessoas que necessitam de resgate.

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