Para onde vai a madeira apreendida em operações da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Ambiental? Em Rondônia, o projeto Colhendo Sementes, Construindo Viveiros, Plantando Florestas tem por objetivo dar um fim adequado a esse material.
O programa busca direcionar os troncos - que estavam sendo obtidos ilegalmente - para a construção ou revitalização de viveiros, já que esse material é frequentemente armazenado em depósitos (onde acabam por deteriorar), descartado de forma pouco apropriada ou comercializado no mercado ilegal.
A ideia de dar um novo destino à madeira apreendida partiu do juiz Maximiliano Deitos, do Tribunal de Justiça de Ji-Paraná. "O projeto surgiu da necessidade de resolver o problema do acúmulo de madeiras apreendidas, que frequentemente se deterioravam devido à burocracia administrativa e judicial. Além disso, o Judiciário é gestor das multas e penas pecuniárias advindas de crimes ambientais, mas tem dificuldade em direcionar esses valores para projetos ambientais", afirma Deitos.
Atualmente, 34 municípios aderiram ao projeto, o equivalente a quase 70% do Estado de Rondônia. "O município tem muito a ganhar: uma cidade mais arborizada e mananciais protegidos", conta Célio Lang, prefeito de Urupá.
Mas isso não quer dizer que não haja obstáculos à implementação do programa. "A maior dificuldades enfrentada é a aderência dos produtores, no que diz respeito à recuperação de áreas degradadas. Muitos ainda não estão conscientes de que precisamos cuidar das matas ciliares, das reservas hídricas e do solo", completa Lang.
Arco do Desmatamento da Amazônia
Rondônia faz parte do Arco do Desmatamento da Amazônia - região com 500 mil km² de terras com os maiores índices de desmatamento, que vai do sudeste do Pará, passando também por Tocantins, Mato Grosso e Acre"
Nesse contexto, a área eleita para o programa não poderia ser mais apropriada. "A Amazônia é um dos ecossistemas mais biodiversos do planeta, abrigando milhares de espécies de plantas, animais e microorganismos, muitos dos quais ainda não foram catalogados. Reflorestar áreas degradadas ajuda a restaurar esses habitats e a proteger a biodiversidade", destaca Walmir Étori.