Desmatamento da Amazônia tem redução de 66,1% em agosto; Lula comemora

"Ótima notícia" , disse o presidente durante evento do Dia da Amazônia realiuzado no Palácio do Planalto, em Bras[ilia

5 set 2023 - 14h50
(atualizado em 6/9/2023 às 14h00)
Números preliminares indicam o segundo menor registro para o mês na série histórica do sistema Deter do Inpe, iniciada em 2015
Números preliminares indicam o segundo menor registro para o mês na série histórica do sistema Deter do Inpe, iniciada em 2015
Foto: AFP / Ansa - Brasil

O desmatamento na Amazônia teve uma redução de 66,1% em agosto na comparação com o ano passado, informou nesta terça-feira a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, dado que favorece o governo em um momento que os olhos do mundo se voltam para o Brasil em sua busca por protagonismo internacional na área ambiental.

"Seguimos avançando! No mês de agosto tivemos uma redução de 66,11% no desmatamento e 47,5% no índice de focos de calor na Amazônia, comparados com agosto de 2022", disse Marina durante discurso em evento do Dia da Amazônia no Palácio do Planalto.

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Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu seu terceiro mandato com ênfase na questão ambiental, havia comemorado a redução do desmatamento na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.

"Ótima notícia no Dia da Amazônia. A redução de 70% dos desmatamentos em agosto é resultado do grande trabalho do Ministério do Meio Ambiente e do governo federal. Hoje, teremos importantes anúncios do governo para seguir nossa agenda de desmatamento zero até 2030", publicou o presidente, que se comprometeu com uma meta de desmatamento zero na Amazônia até 2030.

Segundo dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), a área com alertas de desmatamento foi reduzida em 71% em agosto deste ano, chegando a 474 quilômetros quadrados. A redução nos alertas registrada pelo Deter foi de 1.101 quilômetros quadrados, a maior parte no estado do Pará (472 km²), seguido do Amazonas (225 km²), Mato Grosso (173 km²) e Acre (90 km²). É possível que esses números ainda apresentem variações até o fechamento da análise.

Em agosto, o Brasil sediou reunião de cúpula de países com florestas tropicais, a primeira em 14 anos. As oito nações amazônicas participantes -- Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela -- concordaram com uma lista de políticas e medidas ambientais unificadas de reforço da cooperação regional, mas não chegaram a acordo em torno de um objetivo comum para acabar com o desmatamento.

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Anúncios do governo federal ocorreram no Palácio do Planalto em ato comemorativo ao Dia da Amazônia, nesta terça-feira
Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Ainda durante discurso na cerimônia desta terça, Marina Silva aproveitou para afirmar que dados mais recentes apontam para uma redução do ritmo de desmatamento no Cerrado, bioma que enfrentou uma disparada de devastação em relação a 2022.

Segundo a ministra, números demonstram que as medidas tomadas pelo governo começam a "reverter a curva" de aceleração do desmatamento no Cerrado.

"Estamos equilibrando e empurrando essa curva para baixo", disse.

"Esses são resultados da determinação do governo do Presidente Lula em interromper o ciclo de abandono e retrocessos observado no governo anterior, que se somam a muitos outros avanços que obtivemos nos últimos meses na agenda socioambiental", afirmou a ministra.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento no Cerrado em maio tinha disparado 83% sobre o mesmo mês do ano passado. Já números divulgados em agosto mostraram que o desmatamento tinha subido 20,7% de janeiro a julho na comparação com mesmo período de 2022.

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Novo momento

Especialistas do setor temiam que a queda significativa de mais de 40% no desmatamento na Amazônia nos primeiros sete meses do governo Lula pudesse ser ameaçada por uma devastação maior em agosto e setembro, quando o tempo fica mais seco.

Os sinais iniciais, no entanto, indicam que tais preocupações não se concretizaram.

A diretora de Estratégia do WWF-Brasil, Mariana Napolitano, avaliou que há vontade política deste governo em implementar políticas ambientais mais assertivas. Alertou, no entanto, para a necessidade de aprimoramentos.

"Estamos vivenciando um novo momento, com políticas mais assertivas e maior vontade política, em prol da Amazônia", disse. "Mas ações importantes, como ampliar a rastreabilidade e transparência na pecuária, no ouro e outras commodities, ainda são necessárias e urgentes", acrescentou.

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Prioritários

Na cerimônia por ocasião do Dia da Amazônia, Lula anunciou uma série de medidas relacionadas à política ambiental. Afirmou, por exemplo, que municípios considerados prioritários para o combate ao desmatamento e a incêndios florestais irão receber R$ 600 milhões do Fundo Amazônia.

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Também assinou a homologação de dois territórios indígenas no Acre e no Amazonas e dois decretos de unidades de conservação em Roraima, além de um outro decreto que altera as regras sobre a regularização fundiária em áreas da União e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Ao reforçar o compromisso assumido em seu terceiro mandato de chegar à meta de desmatamento zero em 2030 na Amazônia, Lula afirmou que as forças policiais e militares irão combater "todo e qualquer tipo de ilegalidade da região".

"A Polícia Federal, as Forças Armadas vão ter um papel importante para que a gente não permita que a Amazônia -- além dos madeireiros, além dos garimpeiros, além dos grileiros -- que a Amazônia seja o palco preferido do crime organizado nesse país", disse o presidente.

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