El Niño provoca seca e coloca 42 rios na Amazônia e no Pantanal em estado crítico

Lista inclui o Negro e Solimões, formadores do Amazonas. Há registro de alta nas mortes de peixes e botos

28 set 2023 - 11h45
(atualizado às 12h47)
Peixes mortos são vistos no lago Piranha, afetado pela seca do Rio Solimões em Manacapuru (AM) (Foto de 29/09/2023)
Peixes mortos são vistos no lago Piranha, afetado pela seca do Rio Solimões em Manacapuru (AM) (Foto de 29/09/2023)
Foto: REUTERS/Bruno Kelly

O fenômeno climático El Niño tem favorecido a seca em 38 rios na Amazônia e outros quatro no Pantanal, que devem permanecer com vazões abaixo da média histórica até pelo menos dezembro. As informações são do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), com base em medições da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

Entre os rios afetados, destacam-se os dois maiores formadores do Rio Amazonas, o Negro e o Solimões, bem como gigantes como o Tapajós, Madeira, Juruá, Tocantins, Xingu e Purus, todos na região amazônica. A seca se estenderá até dezembro, com impactos severos, principalmente no estado do Amazonas, que deve enfrentar uma seca extrema.

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No Pantanal, além do próprio Rio Paraguai, cujo pulso de inundação é essencial para o bioma, os rios Cuiabá, São Lourenço e Aquidauana também estão em níveis críticos. O Rio Araguaia, que atravessa as regiões do Cerrado e da Amazônia, enfrenta uma situação igualmente preocupante.

Vista geral do Lago da Piranha, afetado pela seca do Rio Solimões em Manacapuru (Foto de 27/09/2023)
Foto: REUTERS/Bruno Kelly

Fenômeno aumentou a seca

Segundo reportagem do jornal O Globo, essa estação seca, conhecida como verão amazônico, é normal na região, mas este ano, devido ao El Niño, os níveis de água atingiram patamares críticos para o período. As previsões indicam que a situação não deve melhorar mesmo com o início do período chuvoso, que normalmente ocorre entre outubro e novembro, prolongando-se até dezembro.

Esses 42 rios considerados estratégicos em ambos os biomas continuarão a apresentar vazões abaixo da média, afetando a navegação, a pesca, a agricultura e o equilíbrio ambiental.

Nos lagos e rios da Amazônia, a seca está resultando na morte de peixes e de mamíferos como os botos tucuxi e cor-de-rosa. A falta de oxigênio e as águas rasas e quentes estão causando a morte desses botos-cor-de-rosa em locais como o Lago do Piranha, em Manacapuru (AM).

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Os rios são frequentemente a única via de acesso para cidades e comunidades ribeirinhas nos dois biomas, e em alguns trechos, como os rios Madeira, Juruá e Purus, por exemplo, as condições de navegação estão prejudicadas.

Situação deve piorar até dezembro

A análise do Cemaden indica que o número de municípios afetados pela seca severa deve aumentar até dezembro. Atualmente, a Região Norte conta com 25 municípios em situação de seca severa, a maioria deles no estado do Amazonas. A seca moderada já afeta a maioria dos municípios.

Até dezembro o número de municípios afetados pela seca mais intensa deve chegar a 63, com toda a Região Norte enfrentando pelo menos uma seca moderada. Essa análise abrange o período de 15 de setembro a 25 de dezembro, segundo O Globo.

A situação difere do que pôde ser observado em maio e junho deste ano, quando o Serviço Geológico do Brasil emitiu um alerta de cheia para os rios Negro, Solimões e Amazonas, abrangendo os municípios de Manaus, Manacapuru e Itacoatiara.

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Efeitos do El Niño

O El Niño é notório por causar secas na Amazônia, e o evento deste ano começou mais cedo e está se intensificando. O pico de sua atividade está previsto para dezembro. Se as chuvas ficarem abaixo do normal, conforme previsto pelas instituições meteorológicas brasileiras, os efeitos da seca serão ainda mais intensos em 2024.

Embora o Pantanal esteja menos crítico do que a Região Norte no momento, a situação pode piorar, especialmente no norte do Mato Grosso, segundo especialistas.

O Rio Paraguai, que é de extrema importância para o bioma, está muito abaixo do nível na região do Alto Pantanal ou Pantanal Norte, no Mato Grosso. Dois de seus principais afluentes, os rios Cuiabá e São Lourenço, também estão num nível crítico, conforme relatou o jornal.

* Acompanhe mais notícias sobre o meio ambiente no Terra Planeta.

Fonte: Redação Terra
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