Imagine só transformar em eletricidade o calor de ‘rochas superquentes’, injetando água profundamente na crosta terrestre, promovendo seu aquecimento e devolvendo à superfície como vapor. Especialistas acreditam que esse tipo de energia geotérmica --obtida pelo calor proveniente do interior da Terra-- pode ser uma fonte limpa, promissora e confiável.
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O tema vem sendo discutido por executivos da indústria de petróleo e gás há muito tempo, e foi colocado em pauta na conferência CERAWeek em Houston, no Texas (EUA), no mês passado.
De acordo com o Financial Times, obter esse tipo de energia por meio de rochas superquentes tem o potencial para fornecer enormes quantidades de energia renovável 24 horas por dia, cerca de milhares de terawatts, o que não ocorre com a solar e eólica, por exemplo. Embora seja uma fonte natural, ela é pouco usada no mundo todo.
“Se conseguirmos capturar o 'calor sob nossos pés', ele poderá ser uma fonte de energia escalonável de carga de base limpa e confiável para todos, desde a indústria até as residências”, apontou Jennifer Granholm, secretária de energia dos EUA.
A Clean Air Task Force e a Universidade de Twente divulgou no início do mês uma análise em que aponta os locais onde os investidores devem procurar investir nessas rochas. Esse é o primeiro estudo realizado que mostra a profundidade que as empresas precisam perfurar a Terra para atingir as temperaturas ideais das rochas --acima de 373,5 ºC.
Os três países com mais potencial energético para esse tipo de investimento são os Estados Unidos, Rússia e China. Ao todo, quase 180.000 TWh de energia podem ser obtidos, de acordo com essa análise.
Os EUA são quem oferecem a maior proximidade da superfície da Terra, ou seja, não precisam se aprofundar tanto no solo, sendo Nevada e Califórnia os líderes no quesito. O estudo concluiu que apenas 1% do potencial energético das rochas superquentes no país poderia produzir mais de 4TW de energia. Esse valor é o equivalente a 21 mil milhões de barris de petróleo.
“Esses mapas têm como objetivo aguçar o apetite do governo e das empresas com recursos adequados para poder iniciar esse caminho de pesquisa”, disse Terra Rogers, diretora de energia de rochas superquentes do CATF.
Segundo ela, esse tipo de energia pode ser uma oportunidade de transição para as empresas de petróleo e gás que podem investir nesse ramo. Em solo americano, as terras arrendadas para petróleo e gás também podem ser utilizadas para perfuração geotérmica, sem que haja a necessidade de solicitar novas licenças. No entanto, a maior dificuldade desse mercado é a falta de investimento, já que os custos e riscos inciais são elevados, por ser uma tecnologia em fase inicial.