Estados do Norte e Nordeste enfrentam a pior seca em mais de 40 anos, aponta Cemaden

Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará, Piauí e Sergipe são os Estados mais afetados pela estiagem, com desastres e morte da fauna

4 out 2023 - 20h24
(atualizado às 20h30)
Vista geral do Lago da Piranha, afetado pela seca do Rio Solimões em Manacapuru (Foto de 27/09/2023)
Vista geral do Lago da Piranha, afetado pela seca do Rio Solimões em Manacapuru (Foto de 27/09/2023)
Foto: REUTERS/Bruno Kelly

Desbarrancamentos, mortes em massa da fauna e o desabastecimento de água e comida das populações locais são alguns dos sintomas da pior seca enfrentada por oito Estados do Norte e Nordeste em mais de 40 anos. A crise é a mais grave enfrentada desde que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) passou a monitorar o volume de chuva, em 1980.

Segundo o levantamento, a falta severa de chuva afetou, principalmente, os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará, Piauí e Sergipe. Os dados, divulgados inicialmente nesta quarta-feira, 4, pelo portal g1, foram confirmados pelo Terra e apontam o aquecimento global e o fenômeno El Niño dentre as causas da estiagem.

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Rios amazônicos e seus entornos então entre as regiões mais atingidas pela seca. O rio Negro, que banha Manaus, media 15,29 metros nesta segunda-feira, 2. Faltam apenas 1,66 metros para alcançar a cota histórica (13,63 metros) registrada em 2010.

Já o rio Solimões atingiu a cota de -43 centímetros no último dia 22 de setembro, segundo boletim semanal do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Essa também é a segunda maior seca registrada para o afluente, com as medições "abaixo do normal para o período", segundo o CPRM.

As áreas são monitoradas com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que, com imagens de satélites, acompanha a regressão do nível dos rios amazônicos. O período mais crítico, até o momento, aconteceu nos últimos 10 dias de monitoramento, entre 19 e 29 de setembro. 

Apesar da seca cíclica, normal para o período, especialistas apontam que o fenômeno foi afetado pelo El Niño. A expectativa, também, é que o período de estiagem dure mais do que o normal, encerrando em janeiro de 2024, ao invés de novembro, mês em que normalmente as chuvas voltam a cair na região. 

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Peixes mortos são vistos no lago Piranha, afetado pela seca do Rio Solimões em Manacapuru (AM) (Foto de 29/09/2023)
Foto: REUTERS/Bruno Kelly

'Terra seca' e morte de botos

Os reflexos são os desastres naturais que afetam a região. No último sábado, 30, um desabamento às margens do rio Purus, afluente do rio Solimões, deixou dois mortos e mais de 200 desabrigados na comunidade Arumã, no município amazonense de Beruri (a 263 quilômetros de Manaus). De acordo com a prefeitura, ainda há três pessoas desaparecidas.

Na sexta-feira, 29, um desabamento também às margens do rio Solimões deixou pelo menos oito casas destruídas em Coari (a 363 quilômetros de Manaus). De acordo com a Polícia Militar do Amazonas e o Corpo de Bombeiros, a ocorrência não deixou feridos.

No Lago Tefé, formado por um dos afluentes do Rio Amazonas, ao menos 120 carcaças de botos foram encontradas boiando desde a semana passada. Os baixos níveis do rio durante uma seca severa aqueceram a água em trechos a temperaturas intoleráveis para os botos, acreditam os pesquisadores. O lago chegou a atingir 39ºC em meio à onda de calor. 

A crise é monitorada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, com o apoio de órgãos como o Cemaden, o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), dentre outros.  *Com informações de Estadão Conteúdo

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Fonte: Redação Terra
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