Governo do RS recebe mal nome de Pimenta e vê estratégia política de Lula no Estado; leia bastidores

Gestão de Eduardo Leite avalia que presidente aposta no ministro da Secom para capitalizar o nome dele a algum cargo majoritário no Estado em 2026

15 mai 2024 - 12h58
(atualizado às 14h46)
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O governo do Rio Grande do Sul recebeu com preocupação o nome do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, como a autoridade do governo federal no Estado que será responsável por coordenar as ações da gestão na reconstrução dos municípios gaúchos, apurou o Estadão/Broadcast. Na avaliação da gestão estadual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estaria apostando na figura política de Pimenta para capitalizar o nome do ministro a algum cargo majoritário no Estado em 2026.

Presidente Lula e ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) em abril deste ano
Presidente Lula e ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) em abril deste ano
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

A análise feita por integrantes do governo gaúcho é que Lula vem apostando na imagem de Pimenta nas ações do Executivo federal no Estado desde o início de 2023. Em diversas situações, segundo relatos, Pimenta é quem ficaria na "linha de frente" nas atividades da gestão federal no Rio Grande do Sul, o que vem gerando desconforto no governo estadual.

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A percepção é que Lula teria uma estratégia de colocar Pimenta, mesmo em atividades que envolviam o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), como protagonista das situações, representando "a cara do governo federal" na região gaúcha.

Com a nomeação de Pimenta, que deve ser feita ainda nesta tarde, o governo estadual vê também uma resistência de Lula em colocar recursos sob a gestão Leite. A percepção é que o chefe do Executivo quer concentrar as atividades de reconstrução apenas na imagem do governo federal.

Outra crítica é que Pimenta é uma pessoa política que fez sua trajetória no Rio Grande do Sul. A gestão gaúcha, contudo, queria que o governo federal optasse por um nome técnico ou um político fora do Estado. O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, por exemplo, que foi cotado durante esta terça-feira, 14, era tido como um nome com menos resistência.

Há uma preocupação sobre como será a articulação entre Pimenta e Leite, uma vez que, segundo relatos, ainda não foi detalhada quais as funções que o ministro da Secom terá como autoridade federal no Estado. Nesta quarta-feira, 15, Leite afirmou ao Painel, da Folha de S. Paulo, que não havia sido comunicado nem consultado sobre a decisão de Lula de nomear Pimenta.

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A indicação do ministro da Secom pelo governo federal escancara a divergência entre as gestões Lula e Leite, que está presente desde o início do terceiro mandato do petista. Apesar de estar sendo exigido um trabalho conjunto entre ambos diante da tragédia no Rio Grande do Sul, a avaliação do entorno dos dois é que isso não deve representar uma aproximação entre os políticos. Com a indicação de Pimenta, então, tal alinhamento se tornou ainda mais improvável.

Como mostrou o Estadão, Laércio Portela deve ser nomeado ministro interino da Secom. A previsão inicial é que Pimenta fique no cargo de quatro a seis meses, mas o período pode se estender. Enquanto isso, porém, Pimenta ficará na ponte aérea entre Brasília e Porto Alegre.

Laércio Portela foi editor de política do jornal Diário de Pernambuco, assessor de comunicação do Ministério da Saúde e secretário-adjunto de imprensa da Presidência da República. A indicação de seu nome teria partido do próprio Pimenta.

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