Insulina no lixo, sem banho e menos conforto: os impactos do apagão para os idosos de SP

Casa de repouso e filha que mora com pais idosos relatam sensação de insegurança, preocupação e dificuldades desde queda de energia, na sexta, em São Paulo

13 out 2024 - 13h17
(atualizado às 14h39)

Todo o estoque de insulina foi parar no lixo, assim como os alimentos da geladeira de duas casas de repouso que atendem a 50 idosos em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Por lá, com o apagão, o descanso também não foi mais o mesmo, sem poder ligar as camas elétricas, importantes para o bem-estar dos moradores.

As cerca de 36 horas sem energia também afetaram outros aspectos do dia a dia das casas, onde a televisão é um das principais fontes de entretenimento. Também não teve banho, diante da falta de aquecimento elétrico para os chuveiros. A situação só foi mudar por volta das 9h30 deste domingo, 13, quando o fornecimento foi retomado.

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"Ficaram sem tomar insulina, porque não tinha como dar", conta a gerente das casas de repouso, Carmy Dulcy, de 56 anos. Ela diz ter procurado a Enel, mas que não obteve retorno sobre uma eventual prioridade.

Para as refeições, a gerente foi a outros bairros atrás de estabelecimentos abertos, já que os dos entorno também estavam sem luz. "Foi um caos", comenta. "Estava a rua inteira sem energia, as outras casas, a padaria, tudo", relata.

Em nota, a Enel tem ressaltado que 900 mil clientes seguem sem energia, enquanto o fornecimento foi retomado em 1,2 milhão de imóveis. Também salienta que teria ampliado a equipe e os trabalhos para agilizar o restabelecimento dos serviços. Não forneceu prazo, contudo, para a normalização em toda a Grande São Paulo.

Temporal atingiu rede de energia no distrito Lapa, na zona oeste de São Paulo
Temporal atingiu rede de energia no distrito Lapa, na zona oeste de São Paulo
Foto: Werther Santana/Estadão - 13/10/2024 / Estadão

Deixar insulina na casa de amigos e preocupação

Relatos semelhantes se repetem entre a população. No Jabaquara, também na zona sul, a moradora Fernanda Passarelli, de 44 anos, precisou ir até a casa de uma amiga para deixar a insulina da mãe, que tem diabetes. Além da falta de luz, no caso dela, soma-se a de água, diante do impacto do apagão no sistema da Sabesp.

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A situação afetou a rotina da família, especialmente das crianças e dos idosos. "Meus pais estão desolados, sem banho, sem conforto, sem uma alimentação tranquila. Para irem ao banheiro, fico sempre de olho para não caírem no caminho à noite", completa.

A preocupação de Fernanda se estende aos dois filhos. "As crianças estão chateadas, pois não as deixo no quintal, há um galho da árvore da rua que está entre os fios e tenho medo dele se soltar e machucar meus filhos", explica.

Impacto do temporal na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, na zona oeste
Foto: Werther Santana/Estadão - 12/10/2024 / Estadão

Os alimentos da geladeira estragaram. Já os celulares e luzes de emergência foram carregados nos notebooks. "O comércio local está fechado, pois não tem como atender a população. Estamos enfrentando uma situação caótica", relata.

Além disso, o apagão trouxe uma sensação de insegurança. "Só saímos ontem quando havia claridade natural, pois o bairro está no breu e com isso a violência é maior", avalia.

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