Onda de calor poderia fazer o horário de verão voltar? Entenda

Aumento na demanda de energia elétrica pode ter como uma das causas as altas temperaturas

18 nov 2023 - 05h00
Por que está tão quente no Brasil?
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A volta do horário de verão gera debate e divide opiniões, especialmente quando é relacionada às altas temperaturas e as ondas de calor que o Brasil tem enfrentado nos últimos meses. O ajuste dos relógios tem como objetivo otimizar o aproveitamento da luz solar durante o dia, e possui seus defensores e críticos.

Entre os aspectos positivos, destaca-se a possibilidade de economia de energia. A ideia é aproveitar o maior período de luminosidade natural, reduzindo a necessidade de iluminação artificial. Isso pode resultar em um consumo menor de eletricidade, o que, por sua vez, impacta positivamente no meio ambiente e nos custos financeiros para o consumidor.

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No atual cenário climático, porém, a economia de energia está cada vez menos relacionada ao uso da luz, e vale considerar também o uso de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores, por exemplo, entre outras formas usadas para se refrescar em dias quentes, que usam eletricidade.

Contudo, há quem critique o horário de verão, apontando para possíveis desvantagens, especialmente em regiões onde as temperaturas são naturalmente elevadas. O argumento central é que adiantar os relógios pode aumentar a exposição das pessoas ao calor intenso, sobretudo durante as tardes prolongadas. Isso pode acarretar desconforto, desgaste físico e até mesmo impactar a produtividade no trabalho e estudos.

Sol, calor e baixa umidade em São Paulo, nesta sexta feira (17). Na foto pessoas se refrescando em fontes de água no Vale do Anhangabaú.
Sol, calor e baixa umidade em São Paulo, nesta sexta feira (17). Na foto pessoas se refrescando em fontes de água no Vale do Anhangabaú.
Foto: Roberto Casimiro/FotoArena / Estadão

Para entender os principais prós e contras do horário de verão em meio à onda de calor, e se essa seria uma solução possível no cenário atual do País, o Terra conversou com o conselheiro do Crea-SP e meteorologista Carlos Raupp.

Raupp destaca que a demanda por energia em condições climáticas severas, principalmente devido ao uso generalizado de ar-condicionados em ambientes corporativos, atinge seu pico durante as tardes, justamente quando as temperaturas estão mais intensas. Segundo o conselheiro, o adiantamento em uma hora não seria suficiente para alterar significativamente esse quadro.

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“A mudança no horário de verão não deve influenciar as condições climáticas, ou seja, não há um embasamento teórico e científico que leve a crer que o horário de verão vá modificar a dinâmica atmosférica. A única coisa que vai mudar é o horário do máximo e do mínimo da temperatura, mas não vai modificar as condições climáticas e a dinâmica atmosférica”, explica.

Altas temperaturas na cidade de São Paulo
Foto: Alex Silva / Estadão

Quanto à possibilidade de o horário de verão evitar problemas no abastecimento de energia, o meteorologista ressaltou que a instabilidade observada em algumas cidades, não seria solucionada com essa medida. “Essa instabilidade no abastecimento de energia em algumas cidades se dá devido à sobrecarga em função do pico da utilização de ar-condicionado, principalmente nos setores corporativos, e essa utilização se dá no período da tarde, que é exatamente quando se tem a máxima temperatura. Então, com o horário de verão, eu acredito que não vai mudar esse cenário”.

Conforto térmico

Ao abordar a questão do conforto térmico, Raupp destaca alguns argumentos a favor do horário de verão. Ele menciona que o deslocamento para o trabalho e escola uma hora mais cedo permitiria às pessoas evitar o calor intenso, especialmente pela manhã. Além disso, o conselheiro apontou que o horário de verão poderia proporcionar economia de energia ao aproveitar mais a luz natural durante as atividades cotidianas.

“Um outro argumento a favor do horário de verão é que, como as pessoas iriam para casa num horário mais cedo, na hora solar verdadeira, elas poderiam aproveitar mais a luz natural, a luz do dia, enquanto estiverem em suas casas”, defende.

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“Isso, obviamente, levaria a uma economia de energia, acredito que seja a principal razão para se adotar o horário de verão, essa economia de energia relacionada com o maior tempo de utilização da luz natural”.

Pedestres aproveitam mais um dia de calor no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, na tarde desta quinta-feira, 16 de novembro de 2023.
Foto: Taba Benedicto / Estadão

Dicas

Para um consumo consciente de energia, Carlos Raupp dá algumas dicas, como usar o ar-condicionado e ventiladores de forma consciente, além de adotar hábitos como banho frio nos dias mais quentes.

“Não utilizar o ar-condicionado no máximo, ou seja, na mínima temperatura, utilizar numa temperatura adequada, que permita um conforto térmico. Com relação ao uso de ventiladores em casa, utilizar o ventilador somente quando estiver alguém naquele ambiente, então, quando sair do ambiente pode desligar. O calor intenso é uma boa oportunidade para você economizar o uso do aquecedor, você pode tomar, por exemplo, banho frio e economizar energia associada com o uso do aquecedor”, diz.

O meteorologista também faz um alerta para que a população se cuide nos dias mais quentes, e evite problemas de saúde.

“Evitar a exposição ao sol no período das 10 da manhã às 4 da tarde, e se realmente precisar se expor, utilizar o protetor solar, evitar realizar exercícios físicos nesse período e caprichar na hidratação”, recomenda.

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Frente fria

Carlos Raupp diz que há previsão para a chegada de uma frente fria nos próximos dias, que pode tirar a intensidade da onda de calor a partir deste fim de semana. “Na próxima semana, essa massa de ar quente e seco deve perder intensidade e abrangência”.

“Porém, como as previsões climáticas indicam aí que esse El Niño vai continuar se intensificando até o mês de janeiro, passando a se desintensificar a partir de então, mas continuando a atuar ao longo aí do primeiro semestre de 2024, é possível que nesse verão ocorram outras ondas de calor, principalmente no centro-norte e no nordeste do Brasil”, completa.

Fonte: Redação Terra
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