Ondas de calor no Brasil aumentaram de 7 para 52 em 30 anos, revela estudo do Inpe

Órgão analisou dados climáticos dos últimos 60 anos e identificou a mudança

13 nov 2023 - 20h16
(atualizado às 22h42)
Praia de Ipanema lotada durante onda de calor no Rio de Janeiro
Praia de Ipanema lotada durante onda de calor no Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/Reuters

Nos últimos 30 anos, as ondas de calor no Brasil passaram de 7 para 52 dias. É o que revela um estudo feito pelos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e divulgado nesta segunda-feira, 13. 

O estudo foi realizado a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para subsidiar as discussões para a atualização do Plano Clima, que é o plano federal para a adaptação do País à mudança climática. 

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Os pesquisadores consideraram o período de 1961 a 2020 em todo o território brasileiro. Dentro desse intervalo de tempo, eles estabeleceram os anos de 1961 a 1990 como período de referência e depois segmentaram o restante em três períodos (1991-2000, 2001-2010 e 2011-2020) para comparação. E os dados não nada animadores, revelando um Brasil cada vez mais quente.  

Entre 1991 e 2000, a oscilação da temperatura máxima não passava de cerca de 1,5°C. Porém, atingiu 3°C em alguns locais para o período de 2011 a 2020, especialmente na região Nordeste e proximidades. No período de referência, a média de temperatura máxima no Nordeste era de 30,7°C e sobe, gradualmente, para 31,2°C em 1991-2000, 31,6°C em 2001-2010 e 32,2°C em 2011-2020.

As anomalias de precipitação acumulada também são observadas nos três períodos avaliados, contudo destacam-se duas regiões contrastantes entre 2011 e 2020. 

Enquanto houve queda na taxa média de chuva, com variações negativas entre 10% e 40%, do Nordeste até o Sudeste e na região central do Brasil, foi observado aumento entre 10% e 30% na área que abrange os Estados da região Sul e parte dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

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Extremos climáticos 

Anomalia WSDI (onda de calor) é um dos indicadores de extremos climáticos observados nos últimos 60 anos. No período referência, entre 1961 e 1990, o número de dias com ondas de calor (WSDI) era de sete e ampliou para 52 dias no período entre 2011 e 2020
Foto: Reprodução/ Inpe

Nos mapas divulgados pelo Inpe aparece uma tendência de extremos climáticos em todas as áreas do País, em especial na região do Semiárido, lidos aqui como: dias consecutivos secos (CDD) e pela precipitação máxima em 5 dias (RX5day).

No período de referência, entre 1961 e 1990, os valores de CDD eram, em média, de 80 a 85 dias. O número subiu para cerca de 100 dias para o período de 2011 a 2020 nas áreas que abrangem o norte do Nordeste e o centro do País.

As imagens demonstram também que a região Sul vem sendo a mais afetada pelas chuvas extremas ao longo das últimas décadas. No período de referência, a precipitação máxima em cinco dias era de cerca de 140 mm. O número subiu para uma média de 160mm. 

Ondas de calor

De acordo com os resultados da pesquisa, o Brasil todo teve um aumento gradual de ondas de calor. Excluindo apenas a região Sul, a metade sul dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. 

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Dentro do período de referência, o número de dias com ondas de calor não ultrapassava sete. Contudo, foram de sete para 20, em 1991 a 2000; entre 2001 e 2010 atingiu 40 dias; e de 2011 a 2020, o número de dias com ondas de calor chegou a 52 dias.

“Essas informações são a fonte que podemos reportar como fidedignas daquilo que está sendo sentido no dia a dia da sociedade. Estamos deixando de perceber para conhecer. Esse é um diferencial de termos essa fonte de dados robusta”, afirmou o diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes.

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O pesquisador do Inpe Lincoln Alves, que coordenou os estudos, afirma que as análises revelam claramente que o Brasil já experimenta transformações climáticas que estão impactando diversas regiões do mundo de maneira distintas. 

“[Elas são] evidenciadas pelo aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos em várias regiões desde 1961 e irão se agravar nas próximas décadas proporcionalmente ao aquecimento global”, ressaltou. 

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Calorão no Brasil

Vários Estados sentiram de perto os efeitos dessas mudanças climáticas. De acordo com o Sistema Alerta Rio, serviço de meteorologia da Prefeitura do Rio de Janeiro, a sensação térmica chegou a 52,7 °C, às 8h em Guaratiba, na zona oeste da capital, nesta segunda-feira.

Em São Paulo, foi registrada nesta segunda a tarde mais quente de 2023. Os termômetros registraram 37,9ºC. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou que as temperaturas podem aumentar a um nível "perigoso" nesta semana em 15 Estados e Distrito Federal. 

Fonte: Redação Terra
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