Protetores de animais denunciam maus-tratos e exigem proteção para cães e gatos no Ceagesp

Voluntárias ouvidas pelo Terra ressaltaram casos de violência e mortes de animais no Entreposto Terminal São Paulo (ETSP)

22 abr 2024 - 09h23
Grupos de protetores de animais denunciam maus-tratos contra cães e gatos na Ceagesp
Grupos de protetores de animais denunciam maus-tratos contra cães e gatos na Ceagesp
Foto: Arquivo Pessoal

A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) está na mira de um grupo de protetores de animais, que denunciam maus-tratos e falta de amparo no manejo de cerca de 200 gatos e cães no Entreposto Terminal São Paulo (ETSP). Além das condições precárias, os protetores ressaltam o crescimento exponencial e descontrolado da população de animais no ETSP. 

O ETSP é considerado o maior centro de abastecimento de horticultura da América Latina. De acordo com a Ceagesp, 48 mil pessoas e 14 mil veículos circulam, diariamente, pelo entreposto. Nos bastidores, entre caixotes e galpões, os protetores alertam para o descaso e até relatos de mortes de animais. 

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O Terra ouviu Joana Ito e Arlete Ramos, responsáveis por um abaixo-assinado que exige da Ceagesp e da Prefeitura de São Paulo, através da Divisão de Vigilância de Zoonoses, medidas urgentes ao combate aos maus-tratos contra os animais. O documento conta com mais de 17 mil assinaturas. 

Joana trabalha como protetora voluntária no ETSP e explica que o grupo não dispõe de 'tempo, recursos ou capacidade para fazer algo além do que já é feito'. As medidas, paliativas segundo a voluntária, não são capazes de atender a quantidade de animais que cresce mês a mês. 

"A gente estima que há em torno de 150 gatos não castrados hoje", diz Joana. "Eles não ficam nos lugares abertos ao público, então mesmo que muita gente passe por lá, poucos sabem o que acontece". 

"Além dos maus-tratos físicos, entre chutes, envenenamento -- às vezes encontramos animais mortos -- também são feitas 'maldades'. É comum que alguns funcionários separem gatos recém-nascidos das mães. Eles são bem vulneráveis e acabam morrendo em questão de horas", denuncia a protetora. 

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Para Joana, a necessidade mais urgente é a castração dos animais que, segundo ela, não acontece desde novembro de 2023. "A responsabilidade mínima é não fazer com que os animais se reproduzam de forma descontrolada". 

"A Prefeitura não consegue fazer sozinha, pois como o terreno é da Ceagesp, precisa de autorização. Fora que existem outras colônias de cães e gatos em outros lugares. A Ceagesp, mesmo sabe do que acontece e se omitiu. Para a empresa em si não tem custo financeiro, basta apenas abrir as portas para que outras pessoas possa ir castrar os animais", explica a autora do abaixo-assinado. 

Grupos de protetores de animais denunciam maus-tratos contra cães e gatos na Ceagesp
Foto: Arquivo Pessoal

"O que era para ser uma solução virou problema"

Uma das responsáveis pelo movimento de proteção aos animais no ETSP é a funcionária Arlete Ramos, que trabalha há 11 anos no local. Ela explica que o trabalho voluntário acontece em paralelo às funções no entreposto. "Quando eu comecei, não tinha noção da quantidade nem do que acontecia de fato". 

"Os permissionários começaram a levar os gatos na ilusão de que eles iriam acabar com problemas de ratos e outras pestes, e os largaram lá como quem diz: 'Agora faça seu trabalho', mas não é bem assim. Não tiveram o cuidado de castrar e de dar um cuidado decente, e o que era para ser uma solução virou um problema", diz Arlete

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A defensora explica que, desde 2013, já resgatou mais de 180 gatos em situações precárias no ETSP, entre filhotes e adultos. Além do resgate, ela cuida dos animais e os doa, em seguida. "Já falaram que iam abrir um chamamento público para que uma ONG viesse castrar e fazer o manejo, até comemorei, mas nada disso aconteceu". 

"Nesse tempo, conheci a Joana e as coisas começaram a andar. Agora, tem até vereador falando que gostaria de ajudar, porque a situação está sendo vista", ressalta Arlete, que explica ter a permissão do chefe para também atuar como protetora. 

Assim como Joana, ela reforça a necessidade da castração para diminuir a população de animais no ETSP. Arlete conta que, no começo do ano, chegou a resgatar 11 filhotes de uma mesma ninhada. "Foram tirados da mãe e deixados para morrer." 

"Outra reivindicação é que a Ceagesp possa destinar um espaço para acolhimento aos animais mais velhinhos, que talvez não tenham a chance de serem adotados. Alguns são ferais e dificilmente serão domesticados", explica. 

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O grupo também pede a realização de campanhas de vacinação e cuidados básicos aos animais. "É preciso vermifugar e a vacina é muito importante, até para evitar a transmissão de doenças para as pessoas." 

Grupos de protetores de animais denunciam maus-tratos contra cães e gatos na Ceagesp
Foto: Arquivo Pessoal

Compromisso da Ceagesp

Em nota ao Terra, a companhia afirma que criou um grupo de trabalho para acompanhar as solicitações do abaixo-assinado e desenvolver ações contínuas que vão de encontro aos pedidos. Entre elas, a Ceagesp ressalta campanhas de adoção responsável e castração (veja a nota na íntegra abaixo). 

A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) vem informar que:

  • Foi implementado um grupo de trabalho com o intuito de acompanhar a solicitação da comunidade a respeito do abaixo-assinado e desenvolver ações contínuas visando às práticas de ESG e à melhor lida possível desse assunto. As medidas propostas vão ao encontro de campanhas de adoção responsável e castração, entre outras;
  • Recentemente foi realizada junto à Vigilância Sanitária do Município de São Paulo (Zoonoses) uma ação para castração de alguns animais no Entreposto Terminal São Paulo (ETSP);
  • Regularmente, no Entreposto de Sorocaba (CESOR), são realizadas feiras de adoção de animais, evento em parceria com a prefeitura local;
  • Atualmente está em curso uma campanha de conscientização em todos os entrepostos da Companhia (13 ao todo, incluindo o ETSP e as unidades interioranas) a respeito do abandono de animais e suas implicações legais. No ETSP foram colocadas 13 faixas em pontos estratégicos com muita circulação de gente e afixados cartazes. Também serão entregues folhetos informativos nesse mesmo intuito.

Também em comunicado, a Prefeitura de São Paulo informou que atua, junto à concessionária, no controle reprodutivo dos animais, por meio de ações de captura, esterilização e devolução (veja a nota na íntegra abaixo).

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio das Coordenadorias de Vigilância em Saúde (Covisa) e de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico (Cosap), informa que as áreas atuam conjuntamente em apoio à concessionária no que tange ao controle reprodutivo de animais, por meio de ações de captura, esterilização e devolução, sendo a última ação realizada em novembro de 2023, onde os animais foram submetidos à microchipagem, vacinação, tratamento contra endo e ectoparasitas, e castração.

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A pasta não foi notificada oficialmente sobre a petição realizada pelos Protetores de Animais do Jaguaré. Mas permanece à disposição da entidade para dialogar e contribuir no âmbito de sua competência com a construção de políticas públicas específicas para o território.

Grupos de protetores de animais denunciam maus-tratos contra cães e gatos na Ceagesp
Foto: Arquivo Pessoal
Fonte: Redação Terra
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