Há nove anos, as autoridades já sabiam sobre o risco de deslizamentos na Vila Arumã, em Beruri, no Amazonas, segundo um relatório do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), datado de 2014. A vila foi engolida após um desabamento no último fim de semana, e mais de 40 casas foram arrastadas para dentro do rio. Duas pessoas morreram e outras três estão desaparecidas.
O órgão, vinculado ao Ministério de Minas e Energia, identificou uma "cicatriz" no solo da vila, com cerca de 90 metros de extensão, indicando um processo contínuo de deslocamento de terra. O alerta foi acompanhado de uma imagem que delimitava a área afetada em vermelho.
A presença de uma cicatriz de deslizamento de 90 metros indicava um risco iminente de desabamento e soterramento, especialmente durante os períodos de chuva, quando a água se acumulava no centro. O relatório, elaborado após uma inspeção em julho de 2014, também observou que o solo na região era argiloso e que a proximidade com uma curva do rio aumentava a erosão fluvial.
O documento fazia parte de um levantamento do SGB sobre medidas de emergência para identificar áreas de alto e muito alto risco de enchentes e movimentos de terra em Beruri, cidade onde a vila está localizada.
O relatório de 2014 enfatizava ainda que a comunidade, também às margens do rio Purus, a seis horas de barco de Manaus, já havia sofrido deslizamentos no passado, conhecidos como "terras caídas".
A Defesa Civil colaborou com a elaboração do relatório na época. O documento está disponível para consulta no site do SGB.
O Terra entrou em contato com a Defesa Civil do Amazonas e com a Prefeitura de Beruri, mas não obteve retorno.
Segundo o Serviço Geológico do Brasil, o estado do Amazonas possui 361 áreas classificadas como de risco hidrológico e geológico, das quais 119 estão relacionadas ao fenômeno de terras caídas, incluindo Beruri.