A PF deflagrou operação na terça-feira, 12, para desarticular esquema de tráfico de animais responsável por movimentar milhões de reais no Rio de Janeiro. 120 macacos-pregos foram vendidos pelos criminosos em um ano, segundo as investigações.
Um bombeiro militar foi o principal alvo de uma operação da Polícia Federal, deflagrada nesta terça-feira, 12, para desarticular um esquema de tráfico de animais responsável por movimentar milhões de reais no Rio de Janeiro. De acordo com as investigações, ao menos 120 macacos-pregos foram vendidos pelos criminosos em um ano.
De acordo com a PF, a Operação 'Defaunação', executada nesta terça, contou com o apoio das Corregedorias da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. A ação mirou um grupo especializado em captura, receptação e tráfico de animais silvestre.
O suspeito de chefiar o esquema foi detido em casa pelos policiais. Na frente da residência, as equipes encontraram um animal em péssimas condições. Além do mandado judicial, ele foi preso em flagrante pela posse de uma arma de fogo de uso restrito, informou a PF.
Os criminosos são suspeitos de terem vendido ao menos 120 macacos-pregos, incluindo a espécie macaco-prego-de-crista, ameaçada de extinção. Também foi identificada a venda de ao menos uma centena de outros animais, como araras, cervos, iguanas e papagaios, no período de um ano.
O montante total levantado pelos criminosos com a venda ilegal dos animais ainda é apurado, mas, segundo a PF, pode variar entre R$ 2,4 milhões e até R$ 14,4 milhões.
Como era o esquema
A quadrilha, chefiada pelo bombeiro, era composta por caçadores, receptadores, falsificadores e traficantes de animais silvestres, além de servidores do Inea e do Comando de Policiamento Ambiental (CPAm). Uma universitária e dois médicos veterinários também integravam o grupo criminoso.
Segundo a PF, a organização falsificava documentos e selos oficiais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro para dificultar o controle e fiscalização dos órgãos ambientais. Além de sofrerem uma série de maus-tratos, os animais eram vendidos, na maior parte das vezes, pelas redes sociais e acompanhados de um 'kit' de documentos falsificados.
O grupo ocultava os valores recebidos em contas de pessoas jurídicas de integrantes da organização, ou em nome de terceiros. No entanto, a maior parte dos valores obtidos pelos criminosos era em espécie, segundo a PF.
Os integrantes da organização responderão judicialmente pelos crimes de organização criminosa, receptação qualificada, crime ambiental, peculato, falsificação de documentos e selos públicos, falsificação de documento particular, uso de documento falso e falsidade ideológica. Somadas, as penas variam entre 46 e 58 anos de reclusão.
Quem comprou os animais também poderá ser processado por receptação, com exceção dos que colaborarem entregando os animais espontaneamente e dando esclarecimentos à Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, informou a PF.
Ao todo, cerca de 100 policiais federais atuaram no cumprimento de três mandados de prisão e 20 de busca e apreensão nas cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá, além da própria capital fluminense.