O estado do Amazonas vive uma seca sem precedentes, com As altas temperaturas e os baixos nível dos rios batendo recordes de mais de 100 anos .
A Climatempo confirmou com o Instituto Nacional de Meteorologia a temperatura histórica de 40°C registrada em Manaus no dia 10 de outubro de 2023. Foram necessários 114 anos para que uma temperatura como essa fosse alcançada na região da capital amazonense, onde os registros regulares de temperatura e outras variáveis meteorológicas são feitas pelo Inmet desde 1909.
Rio Negro em situação de seca, em 3 de outubro de 2023 (Imagem: NASA/Landsat/OLI
Rio Negro com nível normal, em 8 de outubro de 2022 (Imagem: NASA/Landsat/OLI
Desde o fim de setembro, Manaus tem registrado sucessivos recordes de calor com temperaturas acima dos 39°C, até chegar aos 40°C no dia 10 de outubro.
Rio Negro tem maior seca em 121 anos
Com a marca de 13,38 metros, o rio Negro atingiu o seu menor nível em 121 anos de medições no porto de Manaus nesta quarta-feira 18 de outubro. O recorde histórico foi batido pelo segundo dia consecutivo. No dia 17 de outubro 2023, a régua do porto de Manaus marcou 13,49 cm
Essas imagens de satélite divulgadas pela NASA esta semana mostram a brutal diferença entre o volume de água do rio Negro em outubro de 2022 e em outubro de 2023. Na foto de 8 de outubro de 2022, o nível estava em 19,59 metros . Na foto de 3 de outubro de 2023, o nível do rio Negro era de 15,14 metros.
Impactos social e econômicos da seca
Esta seca histórica no Amazonas está causando graves transtornos para a população. Os barcos encalham por causa dos bancos de areia que se formam com o nível de água muito abaixo do normal. A população já sente o desabastecimento, pois não consegue navegar pelos rios. A pesca também está comprometida com a grande mortandade de peixes.
A grave seca pela qual está passando o Amazonas também tem um impacto na economia do estado e do país. A produção na Zona Franca de Manaus também já está sendo afetada. Não há mais navegabilidade nos principais rios do Amazonas para o transporte de grãos.
Desde o início desta semana, pancadas de chuva estão ocorrendo em vários locais do Amazonas, até com forte intensidade. Tem chovido também na região de Manaus.
A chuva alivia um pouco o calor, mas não é suficiente para reverter o quadro de seca extrema observada atualmente.
El Niño
Esta seca extrema no norte do Brasil está associada com o fenômeno El Niño, que se desenvolve no Oceano Pacífico equatorial na Costa do Peru, e já é considerado de forte intensidade, mas também com as temperaturas acima do normal que têm sido observadas no oceano Atlântico Norte e no Golfo do México.
A Organização Meteorológica Mundial divulgou esta semana que o mês de setembro de 2023 foi o sexto mês consecutivo de recorde de calor na superfície oceânica do planeta.
O grande aquecimento que se observa no Atlântico Norte e a presença do El Niño causam uma forte subsidência sobre a Região Norte do Brasil. Este movimento de ar de cima para baixo é de escala global e inibe o crescimento de nuvens e a ocorrência de chuva. A grande diminuição da quantidade de nuvens permitiu um aquecimento muito acima do normal da superfície, elevando as temperaturas e aumentando a evaporação.
El Niño combinado com o Atlântico Tropical Norte e o Golfo do México muito quentes causam seca no Amazonas
(Arte: Climatempo sobre base NOAA)
Entenda como o calor acima do normal afeta a fotossíntese das árvores na Amazônia e que pode causar a morte das folhas.
Verão com o El Niño
Embora a primavera seja climatologicamente uma época de pouca chuva no Norte do Brasil, o fenômeno El Niño está acentuando esta característica normal de estiagem.
O El Niño vai continuar influenciando o clima no Brasil e no mundo durante o verão 2023/2024. É justamente no verão que os volumes e a frequência da chuva vão aumentando sobre a Região Norte do Brasil. O pico da estação chuvosa ocorre normalmente em fevereiro e em março. Mas este ano, por causa do El Niño, também espera-se um verão com chuva abaixo do normal.