Sem energia há 24 horas, comerciantes usam gerador para evitar prejuízos: 'Só de ventar a luz acaba'

Enel anunciou que o fornecimento de energia será majoritariamente restabelecido até terça-feira, 7; cerca de 1 milhão de endereços estão sem luz em São Paulo

4 nov 2023 - 18h35
(atualizado às 19h01)
Queda de árvores e galhos na rede elétrica interrompeu o fornecimento de energia para milhares de clientes em São Paulo
Queda de árvores e galhos na rede elétrica interrompeu o fornecimento de energia para milhares de clientes em São Paulo
Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO / Estadão

O apagão de energia elétrica em São Paulo, que atinge parte dos bairros da cidade e se estende há mais de 24 horas, principalmente em endereços das zonas sul e oeste, tem feito comerciantes se desdobrarem para evitar mais prejuízos. Na Vila Andrade, na zona sul, estabelecimentos têm recorrido a geradores de energia elétrica e usado até velas na cozinha diante da situação.

Cerca de 1 milhão de endereços estão sem luz na cidade. Há relatos de imóveis no Morumbi, City América, Paraíso e Vila Romana que estão sem luz desde as 16h de sexta-feira, 3, quando fortes chuvas atingiram a cidade. Campo Belo e Butantã também se queixam de falta de luz. A Enel anunciou que o fornecimento de energia será majoritariamente restabelecido até terça-feira, 7.

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"Estamos com vela na cozinha, as bebidas estão à base de gelo", afirma Joyce Sanches, proprietária de um restaurante na região da Vila Andrade. Ela afirma que o estabelecimento está sem luz desde às 16h desta sexta, já há mais de 24 horas. O movimento de clientes, diz ela, caiu cerca de 70% desde então.

Além do prejuízo, ela relata que a situação também tem gerado insegurança aos comércios. "Não consigo fechar porque minha porta é elétrica. Não tenho a corrente (elétrica) para baixá-la", diz. "Um dos meus funcionários teve de dormir aqui, ficou até de manhã. Enquanto não tiver luz, não consigo fechar."

Sem luz há mais de 24 horas, estabelecimento tem improvisado na Vila Andrade, zona sul de São Paulo
Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO / Estadão

Comerciantes afirmam que as quedas de energia são frequentes na região. "Mesmo quando não chove, só de ventar a luz acaba", disse Ana Paula Ávila, proprietária de um buffet na Rua Dr. Fonseca Brasil. A recorrência é tanta que o espaço adquiriu um gerador de energia elétrica, de cerca de R$ 60 mil, para evitar mais prejuízos.

A rotina, com ele, fica um pouco mais trabalhosa. "Estou tendo de sair toda hora para buscar diesel, os postos da região não têm mais combustível, porque as bombas não estão puxando", disse. Ana afirma que, por causa dessa limitação, tem se deslocado até a região da Chácara Santa Antônio.

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O equipamento gasta cerca de R$ 150 por hora. Ainda assim, o gerador de energia é o que tem ajudado o buffet a manter os compromissos com os clientes, mesmo diante do apagão que já dura mais de 24 horas. "Hoje a gente tem dois aniversários infantis, de 5 e 6 anos, e ambos vão ter que ser feitos com o gerador", disse Ana.

Estabelecimento sem luz usa gerador (em amarelo) para evitar prejuízos
Foto: TABA BENEDICTO/ESTADAO / Estadão

Para Carlos Adriano de Carvalho, que trabalha em um estacionamento na região, um outro ponto é que o apagão impactou nos sinais telefônicos. "A gente está sem poder trabalhar. Porque trabalha com cartão, Pix... E aqui está sem sinal nenhum de internet", disse.

Como mostrou o Estadão, a Enel anunciou neste sábado, 4, que o fornecimento de energia em São Paulo será majoritariamente restabelecido até terça. A concessionária não descarta que alguns problemas pontuais permaneçam após a terça-feira.

Segundo Vincenzo Ruotolo, diretor responsável pela execução do serviço em São Paulo, cerca de 1,5 milhão de clientes seguem sem energia nos 24 municípios atendidos pela Enel, enquanto o serviço foi restabelecido em 550 mil endereços. São realizados trabalhos de reparo e reconstrução da rede.

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As fortes chuvas deixaram ao menos seis pessoas mortas no Estado. Mais de 40 municípios, incluindo a capital paulista, tiveram ocorrências por queda de árvores. Foram mais de 2 mil chamados para ocorrências de acordo com as defesas civis e o Corpo de Bombeiros em todo o Estado.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) destacou que os ventos superiores a 100 km/h chegaram à maior velocidade já registrada pelo Centro de Gerenciamento da Metrópole (CGE), desde 1995, quando esses dados começaram a ser computados. "Foi uma situação excepcional. Muito fora do contexto."

Segundo ele, foram abertos 618 chamados na Prefeitura por problemas na iluminação pública, dos quais 513 foram resolvidos. No caso de semáforos, 247 seguem com falta de energia, 20 tiveram problemas nos equipamentos e 284 foram restabelecidos.

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