Desde a última sexta-feira, 3, por volta das 16h, a psicóloga Fernanda Carito não tem energia elétrica dentro de casa, no bairro de Vila Leopoldina, região oeste de São Paulo. Ela foi uma das mais de 2 milhões de pessoas afetadas pela queda de energia na Grande São Paulo - e, mais de 75 horas depois, Fernanda continuava sem luz. Foram medicamentos e comida perdidos, além do dinheiro que deixou de ganhar por ter que cancelar os atendimentos que presta à distância.
"Já perdi um remédio caríssimo, que eu ainda tinha uma dose, e essa dose custa R$ 250. Já perdi fruta, legumes, queijos. Perdi arroz, um monte de comida. Muitas pessoas do meu prédio perderam carnes", conta Fernanda ao Terra. "Um caos, uma zona", resume.
Ela, que é diabética, armazenava insulina na geladeira. O eletrodoméstico, inclusive, também pode ter sido avariado com a queda de energia. "Ainda não sei se a minha geladeira não queimou porque eu vi um clarão na minha tomada. Só vou saber quando a luz voltar", conta.
A Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica em São Paulo, teria dado aos moradores do condomínio onde a psicóloga mora uma estimativa de retorno da luz para às 18h40 desta segunda-feira, 6, o que não foi cumprido.
No condomínio onde Fernanda mora há três torres; em duas a luz já voltou. "Hoje, já com mais de 75 horas sem energia elétrica, o último posicionamento deles foi que no sistema constava que a nossa energia já estava religada porque as outras duas torres estão com a energia funcionando."
Na nota mais recente enviada à imprensa, às 20h30 desta segunda, a Enel informou que cerca de 300 mil pessoas continuavam sem energia elétrica. A empresa afirmou também que 85% dos clientes tiveram o fornecimento restabelecido.
Governador quer cobrar Enel
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse, na tarde desta segunda, que irá propor a criação de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Enel para que os moradores e comerciantes afetados pelo apagão sejam ressarcidos.
"Vamos propor um TAC para que a gente possa facilitar a vida desse cidadão, porque não seria razoável que esse cidadão entre num caminho ordinário de atendimento e acabe não tendo resposta", disse o governador.
Tarcísio complementou que a situação foi extraordinária e que a cidade de São Paulo não estava preparada para tal evento climático. O governador quer pensar em medidas para que o caso não se repita. "A gente tem que entender que isso vai ser cada vez mais recorrente. O que aconteceu na sexta-feira foi extraordinário, mas vai ser comum a partir de agora", disse o governador. Os ventos chegaram a superar 100 km/h.
Medidas do governo federal
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, vai notificar a concessionária de energia elétrica em São Paulo (Enel) sobre a falta de energia elétrica na capital e mais 23 municípios.
O governo federal também prevê que a companhia faça o ressarcimento àqueles que perderam produtos que precisam de refrigeração, além de eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos.
"O consumidor deve registrar o fato nos canais disponibilizados pela concessionária, no prazo de até 90 dias", diz a pasta. "Para ressarcimento a concessionária terá 10 dias para inspecionar o equipamento danificado; um dia para equipamento utilizado ao acondicionamento de alimentos perecíveis ou medicamentos; 15 dias para apresentar, por escrito, resposta ao pedido e 20 dias para providenciar o ressarcimento", complementa.
*com informações do Estadão