Tragédia no RS: 'Produtos custando o dobro', diz morador sobre falta de água e itens básicos

Catástrofe climática provocou desabastecimento em diversas partes do Estado, que lida com bloqueios em rodovia e dificuldades na assistência

7 mai 2024 - 23h34
Varejo registra escassez de produtos essenciais após temor de desabastecimento no RS
Varejo registra escassez de produtos essenciais após temor de desabastecimento no RS
Foto: RAFAEL ROSA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

A pior catástrofe climática da história recente do Rio Grande do Sul afeta, até o momento, mais de 1,4 milhão de habitantes. O aspecto humanitário da crise se torna mais dramático à medida que a falta de recursos básicos se evidencia. 

No último boletim emitido pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, às 18h desta terça-feira, 7, as autoridades gaúchas davam conta de que pelo menos 450 mil pontos do Estados estavam sem energia elétrica, e 606 mil habitantes, sem água. Há, também, 90 trechos bloqueados, total ou parcialmente, em 40 rodovias. 

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Na realidade, por trás desses números, estão milhares de gaúchos vítimas da insegurança proporcionada pelo desabastecimento de produtos básicos. Por outro lado, a baixa oferta possibilita a prática de preços abusivos em artigos já considerados de 'luxo', como garrafas de água e produtos de higiene. 

O porto-alegrense Luciano Quadros, de 29 anos, mora no bairro Mário Quintana, na zona norte da capital gaúcha. Ao Terra, ele conta que, por sorte, a área em que vive não foi diretamente afetada pelas enchetes que atingiram o entorno do Guaíba, mas que o desabastecimento aumenta 'drasticamente' na região. 

"Cada hora que passa, um novo produto fica sem estoque nos mercados. Começou por água, obviamente, e agora produtos de higiene básica e vários alimentos já estão em falta também", contou o gaúcho à reportagem, enquanto se preparava para ajudar um amigo em uma área inundada da cidade. 

Luciano trabalha em um mercado próximo à sua casa e diz que ouve, todos os dias de clientes, que o principal temor é a falta de água potável na região. "Algumas partes estão sem água desde sábado. O pessoal está desesperado, temendo não ter água potável para beber". 

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O gaúcho denuncia, ainda, que comércios têm praticado preços exorbitantes na venda de produtos básicos. "Água de 20 litros, que tem valor médio normal de R$ 12, alguns comércios que ainda tinham em estoque estavam vendendo a R$ 50, R$ 60."

"Lenço umedecido, que tem valor médio de R$ 8,99, comércios estão vendendo a R$ 15,99", relata o morador. Outros produtos, que também tiveram preços dobrados no varejo, também estão praticamente esgotados, como pratos, copos e talheres descartáveis, conta Luciano.

O Terra questionou o governo do Rio Grande do Sul sobre as ações de atendimento ao desabastecimento e o Procon sobre a prática de preços em meio à catástrofe, mas não obteve retorno. O espaço continua aberto.  

Temporal no RS

Subiu para 95 o número de óbitos registrados em decorrência das enchentes no Rio Grande do Sul, segundo o boletim da Defesa Civil divulgado às 18h desta terça-feira.

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Com relação aos desaparecidos, o número permaneceu em 131. Até o momento, há o registro de 1.443.950 pessoas afetadas pelo desastre em 401 municípios. Destes, 48.799 estão em abrigos, 159.036, desalojados, e 372, feridos.

A Defesa Civil investiga ainda a causa de outros quatro óbitos que podem ter relação com as enchentes, nas cidades de Caxias do Sul, Pinhal Grande, Santa Maria e Três Coroas.

Nível dos rios

O governo do Rio Grande do Sul também divulga diariamente, em dois horários, a medição do nível dos rios. A comparação com a medição anterior mostra que o nível da água tem caído muito lentamente.

  • Guaíba - Porto Alegre – 5,22 metros (redução de 0,05 m em comparação com 8h)
  • Sinos - São Leopoldo - 7,12 metros (redução de 0,15 m em comparação com 8h)
  • Gravataí - Passo das Canoas - 6,19 metros (redução de 0,03 m em comparação com 8h)
  • Rio Taquari - Estrela – 15,05 metros (redução de 4,18 m em 24h)
  • Rio Uruguai - Garruchos  – 16,59 metros (redução de 0,44 m em comparação com 8h; nível de inundação é 15 m)
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    Fonte: Redação Terra
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