Moradores da cidade de Derna, na Líbia, enfrentam os problemas causados pelo furacão Daniel e a ruptura das barreiras da cidade. O caos teve início no domingo, 10, e desde então o número de mortes já passa dos 5 mil, além de centenas de desaparecidos e desalojados.
Nesta quarta-feira, 13, após a tempestade devastadora atingir o leste do país, o estrago causado pela queda de duas barragens permanecia. Veículos, casas e até pontes foram arrastados em direção ao mar.
Na Líbia, a tempestade Daniel afetou as cidades de Benghazi, Sousse, Al Bayda, Al-Marj, em especial, Derna. Com 125 mil habitantes, Derna fica na costa da Líbia e é cortada ao meio por um rio, onde duas barragens foram rompidas.
Antes de ir para o país, Daniel passou pela Bulgária, Turquia e Grécia, onde matou 15 pessoas, de acordo com a Reuters.
Imagens de satélite mostram uma área da cidade de Derna, na Líbia, antes e depois de uma forte tempestade inundá-la - Planet Labs PBC - 2.set.23 e 12.set.23/via Reuters
As autoridades ainda contabilizam os números da tragédia. Porém, de acordo com informação do jornal local LANA, pelo menos 5,3 mil pessoas foram consideradas mortas. Na cidade de Derna, cerca de 6 mil continuam desaparecidas, segundo o ministro da Saúde da administração da Líbia.
Imagens de satélite da cidade de Derna, na Líbia, antes e depois de ruptura de barragem em decorrência de fortes chuvas - Planet Labs PBC - 2.set.23 e 12.set.23/via Reuters
O número de mortes deve aumentar, segundo Tamer Ramadan, enviado da Líbia para a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
De acordo com a CNN, os hospitais da cidade de Derna não funcionam mais e os necrotérios estão lotados. “Cadáveres foram deixados nas calçadas do lado de fora dos necrotérios”, disse Osama Aly, porta-voz do serviço de emergência e ambulância.
Segundo a Reuters, Ahmed Mismari, porta-voz do Exército Nacional da Líbia (LNA), que controla o leste da Líbia, disse que o desastre ocorreu depois do colapso das barragens acima de Derna, "varrendo bairros inteiros com os seus residentes para o mar".
Imagens de satélite mostra a cidade de Al-Marj, no leste da Líbia, antes e depois de ser atingida por tempestade - Planet Labs PBC - 6.ago.23 e 11.set.23/via Reuters
A tempestade avançou na terça-feira, 12, para o Egito, mas segundo meteorologistas, teria perdido a força.
Riscos foram sinalizados
Segundo informações da agência de notícias Reuters, ainda não está claro se a infraestrutura em ruínas ou as decisões das autoridades contribuíram para a catástrofe e para a enorme perda de vidas, estimada em milhares de pessoas. Mas os riscos que a cidade enfrenta foram sinalizados muito antes do desastre acontecer.
Um acadêmico publicou um artigo em 2022, em que afirmou que as repetidas enchentes ameaçavam as barragens construídas em um wadi -- um leito de rio geralmente seco -- acima da cidade. Ele defendeu uma manutenção imediata.
"Se ocorrer uma grande inundação, o resultado será catastrófico para a população do wadi e da cidade", escreveu o hidrólogo Abdelwanees AR Ashoor, da Universidade Omar Al-Mukhtar, na Líbia.
* Acompanhe mais notícias sobre o meio ambiente no Terra Planeta.