Assim como a de centenas de pessoas, a vida dos familiares de Liane Elguin da Rocha, de 45, e de sua filha Emily Ulguin da Rocha, 17, mudou drasticamente desde que os fortes temporais atingiram o Rio Grande do Sul. Ambas foram encontradas mortas após um deslizamento de terra em Santa Maria.
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O caso ocorreu por volta das 14h15 de quarta-feira, 1º, no bairro Itararé. As duas estavam em casa, quando uma pedra se desprendeu do topo do Morro do Cechella, veio abaixo e atingiu três residências. Liane estava com os dois filhos e o marido dentro do imóvel. Os outros dois residentes saíram ilesos.
Em entrevista ao O Globo, a irmã de Liane, Catiane Elguin, contou que pouco antes da tragédia, a família ouviu um barulho e que o cunhado abriu a porta da frente para saber se vinha da rua.
"Quando voltou, deu aquele estouro. Foi uma pedra do morro que deslizou por causa da chuva e caiu na casa deles. Era do tamanho de um carro. Levou a casa do vizinho também, não sobrou nada", ressalta. O cunhado, Robson, estava na sala e seu filho no quarto, enquanto Liane e Emily estavam no fundo da casa, na cozinha e quarto, respectivamente.
O irmão da adolescente chegou a ficar com metade do corpo na lama, mas foi resgatado por vizinhos que ajudaram. Provavelmente, ele só se salvou porque o pai se jogou na frente dele para proteger e os moradores ajudaram no resgate.
"Depois, não encontrou nem a minha irmã, nem a minha sobrinha. Aí os vizinhos chamaram meu irmão e outros parentes que moram ali perto e foi todo mundo lá ajudar. Se não fossem eles, o pobrezinho do meu sobrinho também não ia sobreviver", relata.
Por morar há anos naquele local, a família nunca imaginou que algo daquela magnitude poderia acontecer ali. "Minha mãe há anos mora ali também, numa rua próxima, nunca aconteceu esse tipo de coisa. Foi muito inexplicável. E nunca vimos um estrago desse tamanho em Santa Maria. Nunca imaginávamos que poderia acontecer aqui, com a gente. A gente via na TV, era longe, agora ver acontecer na sua cidade e na sua família... é tudo muito triste", desabafa.
Emily completaria 18 anos na segunda-feira, 6, mas não teve chance de chegar à maioridade. Catiane conta que ela estava empolgada com o aniversário e era uma menina alegre.
"A menina faria 18 anos ontem [segunda-feira]. Estava muito feliz, estudava, trabalhava, fazia cursinho. Depois do que aconteceu, a Defesa Civil tirou todo mundo da rua e o Robson e o menino dele estão na casa do meu irmão. Mas ele está em estado de choque. Nem na mãe dele conseguiu ir ainda. Ele perdeu tudo o que tinha. Da casa, só sobrou o piso. Ele Ficou muito traumatizado e para toda a família está sendo muito difícil", finaliza.