As operações de sondagem do megaprojeto internacional de pesquisa científica sobre a origem e a evolução da biodiversidade da Amazônia e os impactos das mudanças climáticas que ocorrem desde junho em um terreno particular no município de Rodrigues Alves, no Acre, perfuraram 890 metros de profundidade em um poço.
Os pesquisadores do Projeto de Perfuração Transamazônica pretendem alcançar 2.000 metros de profundidade em rochas e sedimentos para coletar testemunhos, que são amostras cilíndricas de até 3 metros de comprimento, da era Cenozoica. O período compreende os últimos 66 milhões de anos, iniciando-se com a extinção dos dinossauros e o desenvolvimento das florestas tropicais atuais.
Nessas amostras, os pesquisadores vão estudar os microfósseis, minerais e material orgânico para reconstituir a diversidade de como eram essas florestas no passado e o seu ambiente. Os sedimentos acumulados ao longo do tempo estão organizados em camadas, que funcionam como um arquivo do passado da Amazônia.
A praça de sondagem do Projeto de Perfuração Transamazônica foi montada usando uma estrutura de toneladas de equipamentos levados em cerca de dez caminhões da empresa Geosol. Há a presença de ao menos 25 profissionais, entre técnicos e cientistas, que se revezam trabalhando 24 horas por dia, sete dias por semana.
O projeto envolve 60 pesquisadores de doze instituições nacionais e internacionais, como geólogos, paleontólogos e biólogos, entre outros profissionais. O comitê executivo é composto pelos brasileiros André Sawakuchi, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, e Cleverson Silva, da Universidade Federal Fluminense, e pelos norte-americanos Paul Baker (Universidade de Duke), Sherilyn Fritz (Universidade de Nebraska) e Anders Noren (Universidade de Minnesota).
O investimento da sondagem é de cerca de US$ 3.9 milhões, desse total US$ 1.1 milhão é financiado pelo International Continental Drilling Program (ICDP), US$ 1.1 milhão da National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, US$ 700 mil do Smithsonian Tropical Research Institute (STRI), com sede no Panamá, e US$ 1 milhão da FAPESP (Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de São Paulo), que também contribuiu com mais um investimento de R$ 1 milhão em bolsas de pesquisa e outros recursos e despesas do projeto.