A orca Tahlequah vive novamente o luto pela perda de um filhote. O animal foi flagrado na última semana carregando outro filhote morto pelas águas do Oceano Pacífico em Puget Sound, nos Estados Unidos. De acordo com cientistas, este ato da baleia é considerado como uma forma de luto pelo recém-nascido que morreu.
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O filhote foi avistado pela primeira vez em 20 de dezembro do ano passado, na mesma região. A Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) confirmou outro avistamento em 23 de dezembro. No entanto, na véspera de Ano-Novo, a morte do recém-nascido foi confirmada pelos pesquisadores.
"Podemos confirmar a morte do filhote e afirmar que ela [a orca] estava o empurrando com a cabeça", disse Brad Hanson, pesquisador do NOAA, à NBC. Segundo ele, quando o filhote está quase afundando, "parece que a baleia fará um mergulho com arco alto para descer e recuperá-lo".
Joe Gaydos, diretor científico da organização de pesquisa marinha SeaDoc Society, informou que as baleias tem uma "estrutura" de luto semelhante a dos humanos e de outros mamíferos.
"Por que não deveríamos ter também as mesmas emoções que eles têm? Não temos a monopolização de emoções. Acho que é justo dizer que ela está sofrendo de luto", contou.
Esta é a segunda vez que Tahlequah vive o luto da perda de um filhote. Em 2018, a orca chocou pesquisadores e o público em geral ao ser avistada carregando seu filhote morto. Ná época, ela percorreu mais de 1.600 km em 17 dias, o que foi apontado como uma maneira de "vivenciar" o luto.
As mortes destas baleias, no entanto, preocupam pesquisadores. Tahlequah integra a subpopulação de baleias chamadas de orcas residentes do sul, que estão ameaçadas de extinção.
De acordo com o National Geographic, as orcas do sul se alimentam de peixes, em especial o salmão. Contudo, ele tem se tornado mais escasso com o passar dos anos, o que pode prejudicar a alimentação destas baleias.
Assim como Tahlequah, as baleias de Puget Sound são rastreadas pelo Centro de Pesquisa de Baleias, sendo também olhadas por fotógrafos e observadores. Além disso, as baleias do sul são protegidas pelo Marine Mammal Protection e entraram para a lista de criticamente ameaçadas em 2005.
Segundo a NBC, agências federais e estaduais de Washington já investiram mais de US$ 1 bilhão em programas para reduzir as ameaças às baleias. Mas a falta de comida continua sendo o principal ponto de preocupação.
"A limitação real é o número de fêmeas em idade reprodutiva e o quão capaz elas são de realmente criar o filhote com sucesso. Definitivamente queremos ver mais fêmeas na população", disse Michael Weiss, diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa de Baleias.