Pesquisadores descobrem nova espécie de cogumelo luminescente na Amazônia; veja como é

Fungo cresce em folhas e pedaços de madeira e emite luz pelo chapéu e substrato

21 mai 2024 - 20h10
(atualizado às 23h18)
'Mycena lamprocephala' brilha pelo chapéu e substrato; seu nome vem de grego e significa cabeça brilhante
'Mycena lamprocephala' brilha pelo chapéu e substrato; seu nome vem de grego e significa cabeça brilhante
Foto: Reprodução/Phytotaxa

Pesquisadores descobriram uma nova espécie de cogumelo bioluminescente na Amazônia e a chamaram de Mycena lamprocephala. O fungo conta com características morfológicas únicas, que o diferenciam mesmo das duas espécies mais próximas M. aspratilis e M. lacrimans.

Apesar de o cogumelo ter recebido nome e registro científico recentemente, a espécie já era utilizada pela etnia indígena Baniwa. A presença do fungo faz com que as folhas onde eles estão se iluminem. Assim, elas podem ser usadas como lanternas para clarear o caminho da floresta em noites mais escuras.

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O cogumelo também brilha durante o dia, mas é só durante a noite que esse efeito ganha destaque.

O nome do Mycena lamprocephala vem do grego e significa cabeça brilhante. Pequeno e fino, o fungo é caracterizado por um chapéu amarronzado e uma haste viscosa. A luminescência ocorre no chapéu e no substrato. Sua luz é verde e, às vezes, pulsante.

A líder do estudo e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Botânica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Célia Cristine Bottke Soares explica que as características do fungo já existem em outras espécies. Mas, a junção delas em uma mesma espécie faz do Mycena lamprocephala um caso único.

Ao analisar a amostra com um microscópio, Célia notou que até mesmo os esporos, estrutura de reprodução sexuada dos fungos, tinham essa soma de características, que os diferenciava de todo o restante.

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O cogumelo recém-descoberto cresce solitário em folhas secas ou em galhos em decomposição entre maio e junho. O caule mede entre 33 e 39 milímetros de comprimento e o chapéu entre 5 a 6 milímetros de diâmetro.

'Mycena lamprocephala' tem haste viscosa e chapéu marrom; cogumelo também brilha durante o dia
Foto: Reprodução/Phytotaxa

A amostra utilizada pelos pesquisadores foi encontrada na Reserva Biológica do Alto Cuieiras, localizada a 60 km da capital do Amazonas, Manaus. O trabalho foi publicado na revista Phytotaxa, em janeiro deste ano.

Entre os desafios de identificar a nova espécie, Célia Soares destaca a vasta quantidade de espécies do gênero Mycena. Isso porque o trabalho de comparar o novo achado com o que já existe na literatura precisa ser bastante cuidadoso para não deixar escapar nenhum dos representantes do gênero.

Além disso, como os cogumelos são pequenos, é preciso tomar cuidado na hora de manuseá-los com o intuito de poder conservar a amostra para futuras pesquisas. O complexo processo de análise do cogumelo até a publicação do artigo durou três anos.

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Até hoje, 125 espécies de fungos com luminescência foram registrados no mundo. Na floresta amazônica, já foram listadas 21 espécies de fungos com a mesma característica, sendo os mais recentes descritos no ano passado. Das 21 espécies luminescentes, 17 estão inseridas no mesmo gênero que o Mycena lamprocephala.

De acordo com a pesquisadora, ainda se sabe pouco sobre a luminescência e qual a função dela para seres vivos. No caso dos fungos, algumas hipóteses afirmam que o fenômeno facilita sua reprodução ao atrair insetos que espalham seus esporos. Mas, as funções podem variar em cada organismo.

Leia a notícia completa na Phytotaxa.

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