Você já se perguntou por que as moscas desaparecem durante a noite? Embora pareça um mistério, a ciência tem as respostas para desvendar esse fenômeno.
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Em entrevista ao Terra, Allan Pscheidt, biólogo e professor da FMU, explicou que o principal motivo do desaparecimento dos insetos no período noturno é, justamente, devido a ausência de luz. “Sem referências visuais, as moscas ficam desorientadas e vulneráveis a predadores, como as aranhas. Durante esse período, as moscas permanecem imóveis, buscando locais elevados para descansar, reduzindo seu metabolismo e economizando energia para enfrentar as baixas temperaturas da noite”, explicou Allan.
Ao amanhecer, elas retomam suas atividades, buscando alimento e reprodução em um ciclo de vida breve, de cerca de 30 dias.
Alimentação e adaptação
A mosca-doméstica possui um cardápio diversificado, fruto de sua adaptação evolutiva em diversas partes do globo. Sua alimentação abrange desde fezes e escarros até secreções, produtos em decomposição, tanto de origem animal quanto vegetal, açúcares e outros materiais orgânicos.
Por não conter uma boca com dentes, ou presas como outros seres vivos, as moscas possuem um tubo sugador e, em suas patas, existem células especializadas e capazes de captar sabores.
“A dieta da mosca é exclusivamente líquida. Elas são incapazes de engolir alimentos sólidos. Ao pousarem em algum alimento e detectarem o sabor com as patas, elas expelem saliva por esse tubo, liberando enzimas e fluidos gástricos que liquefazem a comida, permitindo sua ingestão”, explica Allan.
Origem da mosca doméstica
A mosca-doméstica, conhecida cientificamente como “Musca domestica”, tem suas origens no Oriente Médio, mas atualmente pode ser encontrada em qualquer lugar que haja presença humana. Com olhos grandes e de cor avermelhada, os insetos dessa espécie são compostos por centenas de pequenas unidades chamadas omatídeos.
Cada omatídeo funciona como um olho individual, contribuindo para a habilidade desses insetos de evitar serem capturados e sua necessidade de luz para voar. É como uma cabeça com centenas de olhos atentos a tudo.
Capacidade de reprodução
A capacidade de reprodução das moscas não é única na mosca-doméstica, sendo compartilhada por outras espécies, como a mosca-da-fruta e o mosquito da mosca-de-banheiro. Existem mais de 5.000 espécies de moscas e mosquitos.
Uma única fêmea da mosca-doméstica pode depositar até 8.000 ovos, que se transformam em larvas em 24 horas, e se desenvolvem em ambientes úmidos e ricos em nutrientes.
Após a metamorfose, as larvas se tornam moscas adultas que buscam parceiros para reprodução. Além disso, as moscas podem transmitir diversas doenças como cólera, salmonelose e tuberculose, além de parasitas como giárdia e lombrigas.
Doenças transmitidas para humanos
Em entrevista ao Terra, o infectologista e professor da Anhembi Morumbi em Piracicaba, Sidnei Umberto Bertholdi Filho, explicou que as moscas adultas não causam doenças por si mesmas, mas atuam como veículos para a disseminação de microorganismos patogênicos, podendo causar doenças a seres humanos.
“Moscas são pragas domésticas, circulam em lixo, em matéria orgânica em decomposição, em alimentos expostos, e conseguem carregar nas suas patas e asas alguns agentes perigosos, entre uma superfície e outra”, explicou Sidnei.
Por ser um veículo para o microrganismo patogênico [que não podem ser vistos a olho nu], os seres humanos ficam suscetíveis através da ingestão de água e alimentos contaminados, por esses insetos, porque as moscas podem ser veículo de transmissão para uma variedade de germes causadores de diversas doenças, tais como:
- Disenteria: Causada por bactérias como a Shigella spp., a disenteria pode resultar em diarreia grave, dor abdominal, febre e, em casos extremos, desidratação.
- Cólera: Transmitida principalmente pela mosca doméstica, a cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela bactéria Vibrio cholerae. Os sintomas incluem diarreia aquosa intensa, vômitos e cãibras abdominais, podendo levar à desidratação grave e até mesmo à morte se não tratada adequadamente.
- Salmonelose: Causada pela bactéria Salmonella, esta doença pode causar sintomas como diarreia, febre, dor abdominal, náuseas e vômitos.
- Febre tifóide: Transmitida pela mosca varejeira, é causada pela bactéria Salmonella typhi. Os sintomas incluem febre alta, dor de cabeça, fraqueza, dores musculares, dor abdominal e erupção cutânea. Se não tratada, pode levar a complicações graves e até mesmo à morte.
- Conjuntivite: Moscas podem transmitir bactérias que causam infecções oculares, levando a sintomas como vermelhidão, coceira, lacrimejamento e secreção nos olhos.
Os sintomas das doenças causadas por moscas variam dependendo do tipo de patógeno envolvido. Geralmente, os sintomas podem incluir diarréia, febre, dor abdominal, náuseas, vômitos, fraqueza, dores musculares, erupção cutânea e irritação nos olhos. Dependendo dos sintomas apresentados, é recomendado procurar um médico clínico geral ou um especialista em doenças infecciosas para avaliação e tratamento adequado.
De acordo com o infectologista entrevistado pelo Terra, o tratamento para doenças causadas por moscas geralmente envolve o uso de antibióticos para tratar infecções bacterianas, além de medidas de suporte para aliviar os sintomas, como reidratação para casos de diarreia grave.
Além das mencionadas, outras doenças que as moscas podem transmitir aos seres humanos incluem:
- Estrongiloidíase: Causada pelo parasita Strongyloides stercoralis, pode resultar em sintomas gastrointestinais, erupções cutâneas e, em casos graves, complicações respiratórias e disseminação para outros órgãos.
- Tracoma: Uma doença ocular causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, transmitida pelas fezes das moscas. Se não tratada, pode levar à cegueira.
- Miíase: Uma infecção de pele causada pela infestação de larvas de moscas, que pode ocorrer em feridas abertas ou tecidos corporais expostos.
Segundo o infectologista, é importante adotar medidas de controle de moscas, como manter a higiene adequada, cobrir alimentos, eliminar locais de reprodução de moscas e usar repelentes, para reduzir o risco de transmissão de doenças.