A introdução de abelhas sem ferrão em áreas de plantio apresenta vantagens significativas para a economia e sustentabilidade para agricultores, mostrou um projeto experimental realizado no Distrito Federal.
A introdução de abelhas em áreas de plantio apresenta vantagens econômicas e sustentáveis para agricultores de diferentes regiões do Brasil. Parcerias entre cultivadores de espécies sem ferrão e produtores rurais resultou no aumento de 30% da produtividade no Distrito Federal.
A parceria entre os meliponicultores, como são chamados os cultivadores de abelhas sem ferrão, e produtores agrícolas é coordenada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do DF. Em um projeto experimental, pesquisadores implementaram os insetos em um cultivo de abóboras.
A ação aconteceu em agosto de 2023, quando os meliponicultores colocaram 10 caixas de abelhas próximas ao cultivo das abóboras já em fase de floração. Em novembro, os produtores rurais colheram, literalmente, os frutos do trabalho dos insetos.
Segundo o Emater, a proposta é criar uma rede colaborativa entre produtores e meliponicultores para o compartilhamento de técnicas de cultivo e o manejo dos insetos, além de incentivar outras regiões do país a aderir à introdução das abelhas sem ferrão em áreas de produção rural.
Os resultados iniciais animaram pesquisadores e agricultores, que planejam uma expansão do projeto.
"Queremos ampliar nosso trabalho, conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação ambiental e das abelhas para a produção de alimentos", afirmou a meliponicultora Diana Schappo.
Além de ajudar na produção agrícola, o cultivo das abelhas apresenta uma outra possível fonte de renda. Enquanto o mel de abelhas com ferrão custa cerca de R$ 30, em média, por litro, a produção dos insetos sem ferrão, por ser mais escassa, pode custar até R$ 300, na mesma unidade.
Sustentabilidade e economia
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), há cerca de 52 gêneros e 300 espécies conhecidas de abelhas sem ferrão, da tribo Meloponia, distribuídas nas Américas, África, Ásia e Oceania. No Brasil, os insetos são responsáveis pela manutenção de biomas importantes, polinizando 30% das espécies da Caatinga e Cerrado e até 90% da Mata Atlântica.
Apesar da grande quantidade de espécies, poucas são cultivadas racionalmente, segundo o órgão. Uma delas é a jataí que no Distrito Federal corresponde à polinização de 90% da flora regional. O acondicionamento de cada espécie nas diferentes regiões do país depende de fatores como clima, umidade, períodos de chuva e estiagem, aponta a Embrapa.
Com mel de maior valor agregados que os insetos com ferrões, as abelhas Meloponia se apresentam como diversificação da economia para produtores agrícolas, devido ao baixo custo de implementação e manutenção das espécies.