Realmente são verdes? Especialistas esclarecem dúvidas sobre carros elétricos

‘Menos poluição’ e ‘menos impacto’ são alguns dos mitos por detrás do veículo. Profissionais da área explicam o que é verdade

19 abr 2024 - 05h00
Cada vez mais populares no Brasil, os consumidores têm optado pelos carros elétricos como uma alternativa mais tecnológica e verde ao motor de combustão.
Cada vez mais populares no Brasil, os consumidores têm optado pelos carros elétricos como uma alternativa mais tecnológica e verde ao motor de combustão.
Foto: Reprodução/Getty Images

Cada vez mais populares no Brasil, os consumidores têm optado pelos carros elétricos como uma alternativa mais tecnológica e verde ao motor de combustão. Porém, o crescimento das vendas também vem acompanhado das dúvidas, uma das principais é: realmente é ecológico?

De acordo com os especialistas entrevistados pelo Terra, a resposta é "depende". Embora concordem que a opção realmente é mais verde do que o carro movido por combustíveis, há pontos que ainda são alvos de debate. Pensando nisso, preparamos um pequeno Guia para esclarecer algumas das maiores preocupações, a começar pelo funcionamento.

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Como funciona o motor de carro elétrico? 

Em termos gerais, diferente de um carro que usa combustível, veículos elétricos não lançam CO2, que é o gás carbono, na atmosfera. É o que explica Evandro Bastos, head de Produto Automóveis da Mercedes-Benz Cars & Vans Brasil. 

“Basicamente, um modelo a combustão utiliza a queima de um elemento (gasolina, etanol ou diesel) para gerar energia e colocar em movimento o veículo, gerando emissão de CO2 nesse processo. Já um modelo 100% elétrico utiliza a energia armazenada em um conjunto de baterias para fazer o mesmo processo, mas com zero emissões de CO2”, diz Bastos. 

De acordo com ele, é essa tecnologia que torna o veículo uma opção viável quando o assunto é sustentabilidade. “Um automóvel elétrico possui uma tecnologia de recuperação de energia, aonde durante o uso, o próprio automóvel gera mais energia e que será armazenada nas baterias, aumentando assim a autonomia e o conforto a bordo”.

De que são feitas essas baterias? E o que acontece com elas “morrem”?

Segundo Evandro, assim como muitas outras, as baterias são feitas de lítio. Diferente do que alguns “mitos” por aí sugerem, elas podem se desgastar tal qual uma pilha, o que o especialista chama de “ciclos de carregamento”.

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“É um número pré-estabelecido de processo de carregamento que a bateria pode receber durante sua vida útil. Ao final desses “ciclos”, é necessária uma análise para se entender qual o estado da bateria, qual sua real capacidade e qual melhor solução: reciclagem ou reparo”, explica Bastos.

Evandro pontua que este é um dos pontos que a indústria tem buscado evolução, mas que algumas marcas estabelecem um período de garantia para conforto do cliente, a da Mercedes-Benz, por exemplo, é de 10 anos. 

Quando não estão mais aptas para uso, ou seja, quando “morrem”, as baterias sofrem um descarte especial devido aos componentes nela, que varia de acordo com o país. 

“Na Europa, aonde o uso desse tipo de tecnologia já está disponível a mais tempo, já se encontram produtos, como acumuladores de energia, que podem ser utilizados em casa ou até para carregar um automóvel elétrico que utilizam células de baterias oriundas de antigos veículos elétricos”, pontua Bastos. 

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Ainda de acordo com o especialista, na Europa também é possível enviar a bateria para uma central onde ela possa ser reparada ou reciclada. Já no Brasil, não é possível enviar para fora.  “A legislação brasileira não permite que uma bateria “usada” seja exportada, fazendo com que tenhamos uma solução diferente para nosso país. Aqui as baterias, quando necessário, serão completamente desmontadas e seu o material reciclado”, ressalta.

Questões como a composição da bateria, processo de fabricação e localização impedem o veículo de ser a melhor opção verde, mesmo estando entre as melhores.
Foto: Reprodução/Getty Images

É realmente verde? 

De acordo com o engenheiro mecânico e doutor em Mecânica dos Fluidos pela Comissão de Energia Atômica e Energias Alternativas (CEA), Paulo Seleghim Júnior, a resposta é depende. Questões como a composição da bateria, processo de fabricação e localização impedem o veículo de ser a melhor opção verde, mesmo estando entre as melhores. 

Ele pontua que o maior problema é a bateria, pois sua construção ainda é apoiada em materiais pesados. Um exemplo é o lítio, um elemento considerado escasso na natureza que precisa ser extraído por meio de mineração. O ideal seria avançar para um material que seja renovável. 

“O problema do carro elétrico realmente é a bateria. Ela é muito pior como sistema de armazenamento de energia. É uma área que pode avançar se houver alguém que invente uma bateria que use biomassa ou algum material que seja renovável e que tenha eficiência técnica em termos de densidade energética comparável com a da gasolina e de outros combustíveis”, pontuou o professor. 

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Fonte: Redação Terra
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